Política

Lula diz que mortes por Covid, fome e desemprego são consequências da ascensão da extrema direita no Brasil

Ex-presidente discursou em evento na Câmara dos Deputados do México. Na quarta, Lula se reuniu com o atual presidente mexicano, López Obrador.

4 MAR 2022 • POR Redação/TR • 13h41
Ex-presidente Lula discursa em evento na Câmara dos Deputados do México. - Foto: Facebook/Reprodução

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez na quinta-feira (3) críticas ao governo de Jair Bolsonaro e responsabilizou a eleição da “extrema direita” pelos altos índices de fome, desemprego e mortes por Covid-19 no Brasil.

As declarações foram feitas durante pronunciamento na Câmara dos Deputados do México. Lula chegou ao país na última segunda-feira (28) e tem participado de uma série de reuniões com políticos e partidos de esquerda, incluindo o presidente mexicano López Obrador.

Aos mexicanos, Lula afirmou que a eleição de um governo de extrema-direita "devolveu o Brasil a um passado que julgávamos superado para sempre".

"As consequências da ascensão da extrema direita no Brasil são os cerca de 650 mil mortos pela Covid, os 14 milhões de desempregados e os 116 milhões de brasileiros que sofrem algum grau de insegurança alimentar, de moderada a muito grave. Pessoas que só conseguem comer uma vez por dia. E pessoas que simplesmente não têm o que comer", afirmou.

Em fala de improviso, Lula ressaltou que o Brasil atualmente registra relatos de pessoas em filas para conseguir ossos ou carcaças de animais para se alimentar.

O ex-presidente disse ainda que, no atual governo, o Brasil vê a destruição dos direitos trabalhistas e das boas relações com a América Latina e com o resto do mundo, e passa ainda pela devastação do meio ambiente e por ataques à democracia.

Rússia x Ucrânia

Durante o pronunciamento, Lula também voltou a condenar a guerra no leste europeu, deflagrada após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

“Eu me lembro quando o [ex-] presidente [George] Bush tentou convencer o Brasil a apoiar a invasão dos Estados Unidos ao Iraque. Eu respondi a ele que a única guerra que interessava ao Brasil era a guerra contra a fome. Se o presidente Putin tivesse pedido meu apoio para invadir a Ucrânia, eu diria a ele a mesma coisa. Sou e serei contra todas as guerras e contra toda e qualquer invasão de um país por outro país”, disse.

O ex-presidente afirmou ainda ser “inadmissível” que alguns líderes se comportem como “nossos antepassados da pré-história” e que um país se julgue no direito de instalar bases militares em torno de outro país.

“As grandes potências precisam entender que não queremos ser inimigos de ninguém. Não interessa a nós, nem ao mundo, uma nova guerra fria envolvendo Estados Unidos, China ou Rússia, arrastando o planeta inteiro a um conflito que pode colocar em risco a própria sobrevivência da humanidade”, disse.

Candidatura ao Planalto

No Senado mexicano, o ex-presidente se reuniu com os membros do Conselho de Coordenação Política da Casa. Em gravações publicadas por senadores que integram o colegiado nas redes sociais, Lula aparece emocionado ao lembrar a trajetória política e a construção do Partido dos Trabalhadores.

Em um discurso improvisado à imprensa após o encontro, Lula relembrou os feitos de sua gestão e disse que a crise econômica atual é um dos motivos pelos quais decidiu voltar a se candidatar à Presidência da República.

"Hoje, estou voltando a ser candidato a presidente da República. Na verdade, se eu tivesse juízo perfeito, não estaria candidato a presidente da República", declarou.

“Um homem que tem uma causa, que assume uma causa, não pensa mais por ele. Não tem tempo de decidir 'quero ou não'. Ele tem que permitir que os outros o ajudem a decidir. Estou convencido que é possível recuperar o Brasil, estou convencido que a gente pode voltar a ser um povo feliz, a gente pode voltar a gerar emprego, as pessoas podem voltar a tomar café, jantar e almoçar todo dia”, justificou.

Essa não é a primeira vez que Lula cita o desejo de disputar a chefia do Executivo. Em dezembro passado, durante evento com sindicalistas, o petista já havia indicado que estava disposto a “voltar a ser candidato”.

Nesta quinta, Lula afirmou, porém, que estará à disposição do PT para, a partir de março, decidir uma eventual candidatura ao Palácio do Planalto. “Não sei se vamos ganhar as eleições, tudo indica que sim”, afirmou.

Marcela Mattos, g1 — Brasília