Polícia

Sobrevivente diz que assassino de amiga em São Gabriel do Oeste era obcecado e nega ter filho com ele

Franciele Franco da Silva afirma que nunca manteve relações com Eurizio e que recebia para fazer companhia

26 JUN 2024 • POR Redação/EC • 17h42
Carriola usada para jogar corpos das vítimas no matagal. - Foto: Divulgação | PCMS

Sobrevivente de femincídio, Franciele Franco da Silvam 27 anos, publicou relato sobre o terror que viveu ao lado da amiga Jeniffer Gimenes Morgenrotti, 22 anos, em uma fazenda na cidade de São Gabriel do Oeste, a 137 quilômetros. A segunda garota infelizmente morreu e o autor Eurizio Ferreira de Andrade, 62 anos foi preso. No vídeo, a mulher nega que tenha filhos com o homem e que os dois nunca tiveram relações sexuais.

A publicação feita em rede social da jovem foi dividida em partes. Na primeira, ela conta que deveria estar de luto porque perdeu uma grande amiga, mas está vendo muitas informações mentirosas sendo publicadas sobre ela. Em nenhum momento, ela nega ser garota de programa, mas afirma que Eurizio a pagava apenas para fazer companhia. 

“Fazia um ano que eu não o via. Ele entrou em contato comigo porque achou meu número de telefone. Ficava me fazendo promessas, dizia que estava com saudades. Só que nós nunca tivemos relações sexuais porque ele não conseguia, se é que vocês me entendem”, pontua Franciele.

No relato, ela conta que aceitou o convite para ir até a casa do idoso, mas por estar com medo, convidou Jeniffer para acompanhá-la. No domingo (23), marcaram um ponto de encontro para que ele não soubesse onde as duas moravam e o idoso foi buscá-las em Terenos, a 30 quilômetros de São Gabriel do Oeste.

“Já sabia que ele tinha uma fissura por mim. Dizia que me amava, mas nunca correspondi. Não tenho nenhum filho com ele.  Isso é mentira. Ele pagava para eu ir ficar lá com ele. Antes de ir para a fazenda passamos no mercado para comprar carne e cerveja e não vi nada de estranho. Quando chegamos na casa ele parecia estar tranquilo, mas ficou o tempo todo na sede. Ai eu comecei a desconfiar dele deixar a gente sozinha lá”, conta a jovem. 

Por volta das 11h ela decidiu ir chamá-lo na outra residência porque a lenha da churrasqueira havia acabado. Os dois desceram e ele a chamou para ir até o quarto, Franciele diz que ficou com medo e exitou, mas Eurizio insistiu até convencê-la.

“Ele disse que queria me mostrar um negócio, mas fiquei com medo. Ele ficou insistindo e eu fui. Quando entramos ele tentou trancar a porta, mas o trinco estava com defeito. Ele ficou puxando até que quebrou e conseguiu fechar. Nesse momento ele me disse: ‘vou lá matar e enterrar sua amiga e depois venho para matar você’. Eu tenho certeza que ele não ia só me matar, ele ia fazer mais alguma coisa. Comecei a gritar para que ele não fizesse nada”, diz a vítima. 

Franciele conta que de tanto medo conseguiu arrebentar a grade da janela do quarto e pulou. Correu para perto da amiga e foi o momento em que Eurizio já apareceu armado. “Já era tarde demais. Eu só gritei ‘amiga, vamos correr que ele vai matar a gente’. Ele veio com a espingarda e deu o primeiro tiro. Não acertou ninguém e a gente passou a correr em volta da casa, mas ele foi na direção contrária e pegou a Jeniffer. Mandou ela ajoelhar e deu um tiro na cabeça dela”, relata emocionada. 

Quando Jeniffer caiu, Eurizio atirou em direção à Franciele e o disparo pegou de raspão na testa da vítima. Ela pegou um facão e levantou a amiga. Quando as duas começaram a correr, o homem passou a fazer disparos que atingiram a jovem de 23 anos.

“Ela caiu na hora. Ai ele atirou em mim e eu perdi os sentidos por conta do zunido no ouvido. Comecei a sangrar muito e ele veio para me dar outro tiro. Comecei a gritar dizendo que ele não ia conseguir matar a gente e entramos em luta corporal. Eu sabia que se esfaqueasse ele morreria e nós duas sairíamos vivas dali. Eu não sabia que minha amiga já estava morta. Eu cheguei a falar com ela ‘amiga, levanta por favor’”, desabafa Franciele.

Durante a briga com o autor, Franciele relata que teve todos os dedos cortados e ficou muito machucada. Ele conseguiu imobilizá-la e ela perdeu a consciência. Neste momento, ele colocou o corpo de Jeniffer na carriola e levou para o mato.

“Eu não fingi estar morta. Eu acho que morri ali mesmo porque não lembro de nada. Mas quando minha consciência voltou, eu tentei fugir. Ele apontou a arma na minha cabeça e eu comecei a lutar novamente, não aceitava morrer daquele jeito. Ele me mandou deitar no chão porque senão ia atirar na minha cara para eu não ter nem velório. Nessa hora pensei que não tinha mais jeito”, continua a jovem.

Eurizio amarrou uma corda no pescoço da garota e passou a enforcá-la até que novamente ela perdeu a consciência. O homem colocou a jovem na carriola e levou o corpo até o matagal onde a jogou.

“Eu senti o impacto, estava desacordada. Me jogou de bruços. Eu estava com as mãos amarradas. Achei que estava morrendo. Dois minutos depois escutei outro tiro. Achei que ele tinha se matado, levantei e corri para o mato. Mas eu não sabia que os outros tiros eram nela. Pensei que conseguiria salvar nós duas”, continua Franciele.

Desse momento em diante, os momentos de terror só pioraram. O idoso passou a perseguir a garota no meio do matagal e ela conseguiu fugir por três horas até chegar em uma fazenda onde se escondeu. Ela então esperou até anoitecer para conseguir fugir do assassino da amiga.

“Eu estava toda ensanguentada e sem roupas, machucada, picada de bicho. Fiquei em um canavial até ele ir embora. Horas depois vi um homem pegando limão. Eu sai correndo e pedi ajuda e contei o que havia acontecido. Ele me mandou esperar e depois voltou já armado e com roupas para mim. Em seguida, me levou para o hospital, foi quando fiquei sabendo que ela estava morta”, explica a garota.

“Eu jamais faria alguma coisa com ela. Ela era como uma irmã. Não desejaria nunca o mal. A gente já tinha passado por tanta coisa, não achei que aconteceria algo”, finaliza Franciele aos prantos. 

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