Polícia

Criança denuncia em escola e tio é preso por estuprar 4 sobrinhas

Os pais das vítimas serão indiciados por terem ciência dos crimes e não comunicar os fatos a polícia

11 JUL 2024 • POR Redação/EC • 12h26
Vista aérea do município de Paranaíba. - Foto: Divulgação

Criança de 11 anos denunciou na escola que era abusada e homem, de 34 anos, foi preso por estuprar quatro irmãs e uma sobrinha. O caso ocorreu em Paranaíba, distante 408 quilômetros de Campo Grande.

De acordo com a delegada da DAM (Delegacia de Atendimento a Mulher), Eva Maíra Cogo, a vítima criança contou para uma amiga que foi estuprada pelo irmão por parte de pai, em maio deste ano. A denuncia chegou até a Polícia Civil, a menina foi ouvida em depoimento especial e revelou detalhes do crime.

Segundo a vítima, certo dia ela saia da escola no horário do almoço, momento em que o irmão passou de moto por ela, fez com que ela subisse no veículo e a levou para casa dele. Quando chegaram na residência, os filhos do suspeito estavam na sala assistindo televisão, momento em que ele a leva para o quarto e a estupra. Conforme a delegada, a mãe do suspeito chega e o crime é interrompido.

“Ele sai da casa e essa criança inclusive nos conta que falou para a mãe dele o que tinha acontecido, ela não acreditou. Quando ela conta tais fatos, ela também revela que outras irmãs dela foram vítimas deste mesmo irmão”, explicou Eva.

A denúncia foi feita no início de junho, na mesma data, com o auxilio do Conselho Tutelar, a delegada revela que a equipe foi na escola buscar as outras adolescentes, irmãs da vítima de 11 anos.

Na delegacia, a menina de 13 anos confirmou que foi abusada no ano passado. “Ela lembra que foi na data de falecimento de um irmão dela. Na ocasião ele passou a mão em seus seios”, diz a autoridade policial.

Conforme explica a delegada, a adolescente de 17 anos ficou assustada, falou que foi abusada, mas não contou tantos detalhes no primeiro momento. “Posteriormente, quando ela passou pela psicóloga da delegacia, ela relata que foi abusada com conjunção carnal. Contou ainda que foi abusada diversas vezes antes dos 14 anos e os atos só foram interrompidos após ela engravidar aos 14 anos”, narrou.

A mãe das vítimas foi ouvida, todas as meninas avisaram sobre os abusos aos pais, mas eles não informaram o crime a polícia.

*Mais vítimas* - Durante toda a investigação, a Polícia Civil descobriu que uma irmã de consideração das vítimas, atualmente com 24 anos, também foi vítima do homem. No passado, ele pulou o muro da residência que a jovem morava e tentado estuprá-la. Ela então pegou um pedaço de espelho quebrado e lutou com o suspeito.

“Ele fugiu e não teria consumado o ato. Ela disse que nesse mesmo dia ela conta para a mãe, mas a genitora não acreditou nela. Ela revela que na ocasião se revoltou, quebrou o guarda-roupa. Tanto que essa mulher vive em situação de rua atualmente. É usuária de crack e parece que tem muita revolta com a família”, lamentou a delegada.

Foi descoberto ainda, que outra adolescente, 16 anos, irmã das vítimas, que não mora mais com a família, também foi abusada pelo suspeito. No caso dela o ato foi mais grave. “Quando ela chega na delegacia, ela conta que dos 8 anos até os 11 anos, esse irmão passava a mão no corpo dela, praticava esses atos libidinosos e quando ela fez 11 anos, ela lembra que foi quando menstruou, ele passou a manter relação sexual forçada e isso acontecia de forma frequente, sempre que ele tinha oportunidade. Isso aconteceu até maio deste ano. Ele a buscava, levava para casa a força e tudo isso mediante a graves ameaças e força física”, disse.

Também foi apurado que uma sobrinha dele, atualmente de 14 anos, sofreu tentativa de estupro aos 13. O fato ocorreu no dia em que eles dormiram na mesma cama, quando voltaram juntos de um rodeio. “Essa menina acordou com ele passado a mão em seu corpo.

Ao ser ouvida na delegacia, de acordo com a delegada, a vítima tentou minimizar a situação, falando que acordou e ele tinha abraçado ela. "O comportamento dela, após esse abraço, não nos parece habitual ou comum. Ela sai da casa de madrugada, volta para casa, se afasta dele, passa a não ter contato com ele por um período, até que depois voltou ao convívio normal”.

A mãe da menina, que é irmã do investigado, também sabia do crime e não comunicou os fatos a polícia. “Importante mencionar que esses genitores, a partir do momento que eles tomam consciência desses abusos e eles deixam de agir e os fatos continuam acontecendo, eles passam a responder por esses atos que esse indivíduo teria praticado. Eles também foram indiciados por estupro de vulnerável e estupro, porque temos que lembrar que essa adolescente de 16 anos foi vítima de estupro dos 14 aos 16. Nesse caso as vítimas avisaram os pais no mesmo dia que os abusos aconteceram e nada foi feito, talvez se essa criança de 11 anos não tivesse denunciado, esse adulto iria ficar impune eternamente”, afirmou Eva.

O homem foi preso no dia 27 de junho, mas a prisão só foi divulgada nesta quarta-feira (10), para não atrapalhar as investigações. Durante depoimento na delegacia, o suspeito preferiu ficar em silêncio.

“Geralmente os autores de crimes sexuais é aquele tio que todo mundo gosta, a pessoa simpática. Não há uma estrela na testa, não há atos praticados em público. Venho aqui frisar a importância da denúncia. Cerca de 80% dos casos acontecem dentro das casas, as famílias nem sempre são protetivas, aqui está um exemplo muito claro. O único socorro dessas crianças é a escola, fora da comunidade família, o adulto de confiança dessas crianças e adolescentes é o professor, a coordenação, direção, as vezes é a copeira da escola”, alertou a delegada. 

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