Brasil

Idoso perde os dedos da mão após picada de aranha 'mega' venenosa

1 SET 2019 - 14h:29 Por Redação
Idoso tem os dedos da mão esquerda amputados após picada de aranha Idoso tem os dedos da mão esquerda amputados após picada de aranha - Foto: Arquivo Pessoal

Um zelador de 60 anos teve os dedos da mão esquerda amputados após ser picado por uma aranha enquanto limpava o deck da piscina de casa, em Bertioga, no litoral de São Paulo. A suspeita é que ele tenha sido picado por uma aranha-marrom (Loxosceles) – uma das mais perigosas do país, conhecida pela picada necrosante.

Em entrevista ao G1 neste domingo (1º), a estudante Larissa Santana dos Santos, de 20 anos, filha do idoso, conta que o pai, que prefere não se identificar, foi levado ao hospital da cidade após apresentar febre, dor e inchaço na mão, mas os médicos suspeitaram que ele estivesse com íngua ou celulite infecciosa e ele foi liberado após tomar uma medicação.

A picada ocorreu no dia 10 de julho na casa da família, no bairro Vista Linda, mas ele não notou na hora. Depois, ele lembrou ter visto uma aranha pequena enquanto fazia limpeza na casa. Ao retornar ao Hospital de Bertioga no dia 14 de julho, os médicos viram que o problema era grave e ele foi internado. Na ocasião, ele já estava com os dedos necrosados.

Dois dias depois, ele foi transferido para o Hospital Santo Amaro, em Guarujá, e foi submetido a uma cirurgia para amputar os cinco dedos da mão esquerda. O idoso chegou a ficar internado durante oito dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e recebeu alta na última sexta-feira (30), após passar por tratamento com antibiótico, segundo o hospital.

"Agora ele está bem, graças a Deus. Mas vai ter que continuar fazendo todo o procedimento de limpeza e curativos em casa. Uma enfermeira vai fazer isso. Com o tempo iremos ver como vai reagindo porque o braço dele está aberto, por isso o curativo", diz a filha do zelador.

Aranha-marrom

Em 2017, foram registrados 7.992 casos de acidentes com aranhas-marrons em todo o país, segundo o levantamento mais recente disponibilizado pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.

De acordo com o biólogo Fabio Lopes, a aranha-marrom é endêmica no sul do Brasil – não à toa, o maior número de acidentes foi registrado nessa região. Dos 7.992 casos, 6.643 foram no sul; 789 no sudeste; 283 no nordeste; 158 no centro-oeste; e 119 no norte do país.

Em 2017, foram registrados 7.992 casos de acidentes com aranhas-marrons em todo o país Foto: Rafael Marques Porto/via BBC

Fabio explica que a espécie não é agressiva, mas tende a picar quando é comprimida contra o corpo ou quando se sente ameaçada. Ela pode medir de 0,6mm a 2cm e costuma se esconder em garagens, porões, caixas, atrás ou embaixo de móveis e em outros locais com pouca iluminação. Ele alerta que, ao entrar em locais fechados há muito tempo, é preciso abrir as janelas para desinfestar o ambiente.

Para prevenir acidentes, é importante manter jardins e quintais limpos (na hora de limpar, utilizar botas e luvas); evitar o acúmulo de folhas secas e lixo doméstico nas proximidades das casas; sacudir roupas e sapatos antes de usá-los; vedar frestas e buracos em paredes; colocar telas nas janelas; combater a proliferação de insetos, pois as aranhas se alimentam deles; e afastar camas e berços de paredes.

Segundo ele, tudo indica que o idoso tenha sido picado pela aranha-marrom, pois nenhuma outra aranha tem esse tipo de toxina capaz de quebrar as estruturas do sangue e das proteínas (músculos). "A quantidade de toxinas que a pessoa recebe e a demora na busca por atendimento médico interferem na gravidade da lesão", destaca.

Ele explica que as serpentes têm toxinas mais poderosas que as aranhas, mas é difícil não notar a picada desses animais – ao contrário do que ocorre com aracnídeos, principalmente a aranha-marrom, que é pequena e possui uma picada pouco dolorosa.

O pesquisador afirma que a aranha-marrom tem a toxina mais perigosa entre as espécies de principal importância médica no país, e é responsável por causar os acidentes mais graves. Para saber se uma aranha é perigosa ou não, uma dica é verificar o tipo de teia que ela produz.

"Em geral, aranha que faz teia geométrica, bem feita, não tem importância médica. As aranhas que saem debaixo de entulho, de buracos ou que têm teias que parecem novelos de lã enrolados são mais perigosas. Se ela tem um veneno importante ela não precisa ter o sacrifício metabólico de produzir a teia", diz Fabio Lopes.

O que fazer em caso de acidente:

- Lavar o local da picada;

- Usar compressas mornas, pois ajudam no alívio da dor;

- Elevar o local da mordida;

- Procurar o serviço médico mais próximo;

- Quando possível, levar o animal para identificação.

O que não fazer:

- Não fazer torniquete ou garrote (tira de pano ou outro material para barrar a circulação do sangue);

- Não furar, cortar, queimar, espremer ou fazer sucção no local da ferida;

- Não aplicar folhas, pó de café ou terra para não provocar infecções;

- Não ingerir bebida alcoólica, querosene ou fumo. (Fonte: Ministério da Saúde)

Fonte: G1 - Liliane Souza

Deixe seu Comentário

Leia Também

Voltar