Brasil

Médica e influencer afirmam ter sido agredidas por advogado

8 SET 2020 - 14h:00 Por Redação / EC
Cleverson Contó é denunciado por violência doméstica Cleverson Contó é denunciado por violência doméstica - Foto: Instagram/Reprodução

Uma médica e uma influencer digital relataram nas redes sociais que foram agredidas pelo advogado Cleverson Campos Contó, de 33 anos, durante o tempo em que se relacionaram com ele, em Cuiabá. A defesa nega as acusações.

Nesta semana, depois dos relatos publicados nas redes, o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher de Mato Grosso (CEDM-MT) recebeu ao menos oito denúncias semelhantes sobre Cleverson. A Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Mato Grosso (OAB-MT), abriu processo administrativo contra o advogado para apurar denúncias de violência doméstica.

A médica Laryssa Moraes foi casada com o advogado há três anos. Ela não detalhou quando ocorreram as agressões, mas disse que tem um processo contra ele e que prestou queixa junto à Polícia Civil, que confirmou o fato. Quanto ao processo, o Ministério Público afirmou que "no que diz respeito à vítima Laryssa, existe um processo em trâmite na 2° Vara de Violência Doméstica".

A influencer Mariana Vidotto, que morou com Cleverson, também não detalhou quando ocorreu a violência, mas protocolou, na última sexta-feira (4), uma representação criminal contra o ex-namorado na Coordenadoria das Promotorias de Combate à Violência Doméstica. O Ministério Público Estadual (MPE) informou que a ação está sendo analisada para as providências aplicáveis ao caso.

Sem dar detalhes, a Polícia Civil confirmou que há oito boletins de ocorrência de ameaça, injúria, invasão de domicílio, assédio e perturbação registrados por diferentes vítimas contra o advogado Cleverson Contó entre os anos de 2015 e 2018.

“Por se tratar de registros antigos, é possível que os procedimentos já tenham sido concluídos por parte da Polícia Civil. Mais detalhes sobre os casos não serão passados para preservação, por se tratar de situações de natureza privada e para preservação das partes envolvidas”, diz em nota.

Também tramitam na Justiça diversos processos sigilosos contra Cleverson relacionados a violência. Os detalhes das ações não foram divulgados.

Defesa do advogado

Em nota, o advogado de defesa de Cleverson, Eduardo Mahon, afirma que as mulheres querem extorquir o cliente dele e que as acusações não procedem.

“Tudo indica que o referido advogado é vítima de uma articulação para extorquir recursos financeiros e driblar decisões judiciais que proíbem ex-relacionamentos de fazerem qualquer menção ao nome dele”, diz.

A defesa informou que o advogado suspeito das agressões concederá uma entrevista coletiva para esclarecer o caso na quarta-feira (9).

“Comunico a todos que enviará formalmente as provas que tem às autoridades responsáveis, representando as supostas vítimas por extorsão e denunciação caluniosa”, diz a defesa.

Relatos da vítimas

A médica Laryssa Moraes afirmou que possui medida protetiva para que o advogado não se aproxime dela. Ela disse que foi casada com Cleverson há cerca de três anos, mas só agora conseguiu falar abertamente sobre o assunto. No perfil das redes sociais, ela contou que, além das agressões verbais, o advogado teria tentado estuprá-la.

“Me espancou brutalmente, quebrou meu nariz, deslocou minhas retinas e tentou me estuprar com um pendrive. Sobrevivo há 3 anos e meio com essa dor, mas é uma dor que não sai da gente”, relatou

Ela afirmou que, à época, não procurou o Instituto Médico Legal (IML) para exame de corpo de delito, pois conhecia os médicos do local, que eram colegas de profissão, e teve vergonha de se expor.

“Quando você se relaciona com um sociopata você se sente culpada, mas não vou me calar. Não quero que nenhuma mulher seja arrastada por um carro com a porta aberta ou corra o risco de ser estuprada. Nenhum ser humano merece isso”, ressaltou

Laryssa disse que, após expor o caso, outras mulheres a procuraram afirmando que também foram vítimas do advogado.

“Ele é um cidadão acima de qualquer suspeita, com condições financeiras, que ameaça as pessoas, acima da lei, como se nunca fosse pego, e que me falava que se eu falasse alguma coisa ia destruir minha carreira e minha vida”, contou

Em uma das ocorrências de violência, a médica teria sido agredida após ter se recusado a fazer uma salada para o marido.

“Levei soco na cara, puxões de cabelo, empurrões de escada, batida de cabeça em quinas, eu apanhei porque não queria fazer uma salada. Atendi no consultório com os olhos roxos e disse que havia sofrido um acidente de carro. Hoje eu sei que ninguém acreditava”, disse

Situações parecidas também ocorreram com a influencer digital Mariana Vidotto, conforme relatos feitos por ela nas redes sociais.

No início do ano, ela chegou a citar que já havia sofrido violência doméstica, mas não deu detalhes das agressões e nem revelou o nome do agressor.

“Trata-se de um sociopata muito bem articulado, que tem poder de compra muito grande. Mesmo sem citar nomes, sofri um processo com uma multa diária de R$ 20 mil caso eu me referisse a ele”, contou

Mariana disse que ficou 9 kg abaixo do peso durante o tempo de relacionamento com o advogado.

Eles se conheceram por meio de amigos em comum. Namoraram por um tempo e depois passaram a morar juntos.

No início, segundo ela, Cleverson a tratava bem. Conversava sobre família, trabalho e religião. No entanto, quando passaram a morar juntos, começaram as agressões e ameaças.

“Não quero vingança, quero justiça, pois só quem passa por esse tipo de violência sabe o que é saber lidar com essas marcas pelo resto da vida”, ressaltou

OAB e Conselho de Direitos da Mulher

A OAB-MT, por intermédio da Comissão do Direito da Mulher, informou que já contatou uma das vítimas e se colocou à disposição para o acompanhamento do caso. Segundo a seccional, há uma reunião agendada para discutir o caso.

Em nota, o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher de Mato Grosso (CEDM-MT) repudiou as agressões relatadas por mulheres e disse que há informações suficientes para mais investigações sobre ele.

“Considerando o que dizem as vítimas, o CEDM-MT, entende que há subsídios suficientes para que seja realizada uma rigorosa apuração de tudo que foi trazido à tona por meio da imprensa. Do contrário, corre-se o risco de termos novas vítimas acrescidas aos índices altíssimos de violência contra a mulher em nosso estado”, diz

Fonte: G1 - Kessillen Lopes e Emilly Cassim

Deixe seu Comentário

Leia Também

Voltar