Esportes

Da marginalização ao pódio: Cenário do skate em MS tende a melhorar com medalha olímpica

Praticantes esperam que com inserção do esporte nas olimpíadas, sociedade mude a forma de pensar

27 JUL 2021 - 23h:02 Por Redação/EC
Foto: Divulgação

Na segunda-feira (26), Rayssa Leal, de apenas 13 anos, conseguiu a medalha de prata nas Olimpíadas de Tóquio 2020, pelo skate. No domingo (25), Kelvin Hoefler, também garantiu a segunda colocação. Ambos pela categoria street. 

Mesmo com a ascensão, a modalidade ainda é vista por muitas pessoas como marginalizada. Nos anos 80, o esporte chegou a ser proibido em alguns locais, como em São Paulo, por ser considerado de risco para a sociedade.

Na época, os praticantes conseguiram intervir e mudar a situação em relação ao governo, mas o preconceito da população continuou. 

Segundo o presidente da Associação de Skate de Mato Grosso do Sul (ASMS), Reynardt Miguel Peralta, 33 anos, a sociedade só mudou a forma de pensar a partir do momento em que o esporte foi aceito nas olimpíadas. 

“Sempre teve essa dificuldade de ver como um esporte. As pessoas diziam que aqueles que praticavam eram marginais, vagabundos. Essa visão era de todos, mas as olimpíadas vem para mostrar que esse pensamento é equivocado. Os jogos vão abrir as portas para nós crescermos”, relata o dirigente. 

Mato Grosso do Sul, considerado conservador pelos skatistas, tem tido dificuldades em aceitar as mudanças do esporte e a forma de pensar. A tradicional pista de skate localizada no Parque das Nações Indígenas foi inaugurada em 2005, mas, desde então, nunca passou por reformas. 

Outro local de uso para a prática da modalidade em Campo Grande é na Orla Morena, instalada no bairro Noroeste. Atualmente o local precisa de uma série de reparos e obras de modernização que, segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), não tem data para ocorrer. 

Peralta diz que, mesmo com as faltas de reformas das pistas que já existem, o poder público tem tomado iniciativas para incentivar o esporte no estado. Está prevista a construção de uma nova pista com estrutura moderna para se tornar referência da modalidade no país. 

O local ficará na praça central do Núcleo Habitacional Moreninha III, no extremo Sul da Capital. A instalação esportiva será construída pelo Governo do Estado, por meio da Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte).

“O projeto está pronto, nós estamos fazendo o orçamento para a aprovação do governo. Caso nós consigamos entregar tudo o que precisa, as obras já irão começar para termos esse lugar quanto antes”, afirma o presidente da ASMS.

Outro local que também receberá novas pistas de skate é no aterro sanitário da Capital, localizado no bairro Noroeste. O projeto é da prefeitura de Campo Grande em parceria com a Caixa Econômica Federal. 

MS está entre os melhores do mundo

O apoio de governantes e a vontade de mudar a forma que é vista pela sociedade, faz o esporte ter destaques em Mato Grosso do Sul. Neste ano, Eduardo Neves, 19 anos, natural de Campo Grande, competiu com atletas para uma vaga nos Jogos Olímpicos de Tóquio. 

De 17 a 23 de maio, Neves participou do Dew Tour, penúltimo evento pré-olímpico, realizado em Des Moines, capital estadual de Iowa, nos Estados Unidos. Ele chegou a ir até às semifinais, mas não conseguiu a classificação. 

Na última chance que teve para ir aos jogos no Campeonato Mundial de Skateboard Street, o sul-mato-grossense também não conquistou a pontuação necessária e foi desclassificado. A competição aconteceu em Roma, na Itália, entre 31 de maio e 6 de junho.

Com a ida do atleta a campeonatos e o incentivo do governo, outros praticantes têm visto o cenário local melhorar, como é o caso do barbeiro Felipe Soares Guimarães, 24 anos. 

Para ele, mesmo que ainda exista preconceito, o desenvolvimento da modalidade nos últimos anos tem criado esperanças para que o esporte ganhe ainda mais visibilidade. 

“A sociedade, na minha opinião, nunca esteve pronta para aceitar algo que seja da cultura de rua. Mas, acredito que estamos em rumo a uma mudança nesse aspecto, uma boa mudança. Estou esperançoso com o rumo que o skate está tomando”, afirma o barbeiro. 

O skatista teve o seu primeiro contato com o esporte com nove anos e, desde então, nunca mais parou. “O skate é um esporte mágico, me ensinou a ter respeito e resiliência. Às vezes a gente passa um dia todo para acertar uma única manobra. É um esporte que me ajudou a superar a depressão”, conta Guimarães.

A ASMS tem feito ações para incentivar mais pessoas a praticarem a modalidade. Além disso, a associação já pensa em criar um circuito estadual. “O esporte traz diversos benefícios para a saúde, além de fazer as pessoas criarem  laços e amizades”, finaliza Peralta. 

Midiamax - Alex Nantes

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