Esportes

Empresas irão pausar atividades durante jogos da Seleção Brasileira na Copa do Mundo Feminina

Campanha mobilizou empresários e funcionários para acompanhar partidas do Brasil na competição, que começou na sexta-feira (7).

8 JUN 2019 - 08h:22 Por Redação/ML
Seleção Brasileira de Futebol estreia na Copa do Mundo de futebol feminino na manhã deste domingo (9) Seleção Brasileira de Futebol estreia na Copa do Mundo de futebol feminino na manhã deste domingo (9) - Foto: FiFA/Divulgação

O clima é de torcida pelo Brasil na Copa do Mundo de Futebol Feminino e, para garantir que o expediente não impeça o apoio à Seleção Brasileira, empresas de várias partes do país vão pausar as atividades durante os jogos.

Além do incentivo ao time brasileiro, a iniciativa busca promover a discussão sobre a equidade de gênero e o respeito às mulheres no esporte e na sociedade, com a campanha #ComVocêEuJogoMelhor.

Eduardo Fonseca, diretor de assuntos institucionais do Grupo Boticário, que idealizou a ação, explica que a ideia começou internamente, com a proposta de dar a mesma oportunidade que os funcionários tiveram de torcer pelo Brasil nas partidas da Copa do Mundo Masculina, em 2018.

"Para que as coisas sejam iguais a gente tem que oferecer a mesma oportunidade. Neste ano, assim como a gente fez no ano passado, decidimos paralisar a fábrica e os escritórios (...) A gente percebeu que tinha um papel super importante, como um chamamento para a sociedade", disse Fonseca.

Com a expansão da campanha e o retorno do público, o diretor conta que os funcionários começaram a comentar e a divulgar a ideia, e outras empresas decidiram participar também.

Uma plataforma digital foi criada, para que as empresas pudessem se inscrever como participantes. Até esta sexta-feira (7), dia do início da Copa do Mundo Feminina, 58 empresas haviam se cadastrado.

"São empresas do país inteiro, de todos os setores, até concorrentes nossos, inclusive. A gente está muito feliz com isso (...) É uma grande torcida organizada para que a nossa equipe possa ter o melhor resultado possível", ressaltou.

Ainda segundo o diretor, em todas as fábricas do grupo haverá estrutura para que as pessoas possam acompanhar os jogos, sem ter descontos de carga horária de trabalho.

"É um momento de sensibilização da sociedade (...) A gente deseja oportunidades iguais para as pessoas. Gênero, idade, raça, orientação sexual, particularidades do ser humano, não devem ser motivos de diferenciação", ressaltou.

Jogando junto

Na DW, empresa de distribuição de materiais elétricos, os funcionários vão poder pausar as atividades para torcer. A empresa tem sede em Curitiba e filiais em outras seis cidades, em cinco estados. Todas as unidades vão aderir.

A coordenadora de marketing da empresa, Jaqueline Cordeiro, conta que a empresa decidiu criar uma campanha interna sobre o assunto, com os 280 funcionários.

A empresa produziu camisetas e montou banners sobre a valorização das mulheres no esporte e no mercado de trabalho, com participação das funcionárias.

"É uma chance de gerar oportunidade para quem esta em campo e também para as nossas mulheres aqui da empresa (...) O nosso mercado é bem restrito, mais de 80% do nosso time acaba sendo masculino, então, essa bandeira, internamente, é muito importante", ressaltou a coordenadora.

Ainda segundo o diretor, em todas as fábricas do grupo haverá estrutura para que as pessoas possam acompanhar os jogos, sem ter descontos de carga horária de trabalho.

"É um momento de sensibilização da sociedade (...) A gente deseja oportunidades iguais para as pessoas. Gênero, idade, raça, orientação sexual, particularidades do ser humano, não devem ser motivos de diferenciação", ressaltou.

Nos jogos a serem realizados por volta do horário de almoço, vai ter churrasco para os funcionários, que vão se organizar para torcer, apesar do alerta para prestar apoio aos clientes que precisarem.

A ação, segundo Jaqueline, aproveita o momento de repercussão da copa para promover visibilidade às mulheres. "A gente tem o lado do esporte sim, mas tem o outro lado, o do empoderamento, de ter a igualdade de gênero no ambiente de trabalho", disse.

Visibilidade

Para a estudante de Publicidade e Propaganda Erika Farias Oliveira, de Camaçari, na Bahia, trabalha em uma das unidades do Grupo Boticário e ressaltou a importância de poder acompanhar os jogos no horário de trabalho.

Ela conta que, quando criança, sonhava em ser jogadora. Ela conta que começou a jogar na escola mas enfrentou um ambiente complicado, machista.

"Sofria bullying. Quando tive que escolher entre a carreira de jogadora ou fazer faculdade, essas questões pesaram demais (...) Se eu fosse aquela Erika, de 10 anos atrás, e visse essa iniciativa ou outras, talvez hoje eu poderia estar na seleção", afirma.

Na escola

Entre as empresas participantes da ação, uma escola de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, decidiu acompanhar os jogos do Brasil com os cerca de 100 alunos atendidos, de quatro a 10 anos de idade.

Andréia Aparecida Affalin, diretora da escola Peter Pann, afirma que as atividades foram pausadas na Copa do Mundo de 2018 e, com a demanda dos próprios alunos e funcionários, as partidas da seleção feminina também vão contar com apoio.

Os alunos e funcionários vão poder acompanhar os jogos em um telão e vão receber pipoca e suco.

Ainda segundo a diretora, em 2018, os pais e responsáveis pelos alunos receberam recados para que as crianças fossem vestidas com as cores da bandeira do Brasil nos dias de jogos. A ação será repetida neste ano.

"É a primeira vez que vou assistir a um jogo da seleção feminina. A expectativa é boa. Queremos ver a empolgação", afirmou Andreia

Empresa de materiais elétricos e EPIs produziu camisetas de incentivo e vai pausar atividades nos jogos da Seleção Brasileira de Futebol Feminino — Foto: DW/Divulgação

Fonte: Letícia Paris, G1

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