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Arara-canindé mutilada recebe transplante de bico

9 MAR 2020 - 10h:53 Por Redação
Arara-canindé perdeu o bico em provável acidente Arara-canindé perdeu o bico em provável acidente - Fotos: Divulgação

Uma arara-canindé adulta recebeu, no início do mês, um transplante de bico em cirurgia que durou 1h30, no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS). A ave foi encontrada na região urbana de Campo Grande com ferimento grave e foi resgatada pela Polícia Militar Ambiental (PMA).

De acordo com o veterinário Lucas Cazati, que coordenou a equipe de cirurgia, o animal é uma possível vítima de atropelamento e foi encaminhado ao CRAS em 28 de fevereiro.

“Ela chegou com muito sangramento e desde a sua entrada no CRAS, até a cirurgia, o trabalho se concentrou em tirá-la da situação de risco. Realizamos todo um procedimento terapêutico, submetemos a exames de raios-x e ultrassom, o que nos permitiu um diagnóstico favorável à cirurgia”, explicou.

Então, um enxerto heterólogo - transplante de um indivíduo de uma espécie para outra - foi realizado.

“Nós já havíamos realizado pequenas cirurgias de reparo em casco de jabuti, mas o procedimento na arara foi mais complexo. Utilizamos um bico de animal já falecido, que foi recortado, ajustado com resina de dentista e fixado com parafusos ortopédicos, de forma que a arara fique bem e consiga se alimentar”, disse Cazati.

O procedimento cirúrgico foi acompanhado por sete profissionais, entre médicos veterinários, biólogos e zootecnistas

A arara segue em tratamento e acompanhamento da equipe. No processo de adaptação, será alimentada com alimentos mais macios, como o mamão e outras frutas. “É um período que exige cuidados, mas nosso prognóstico é de que em até 2 meses ela poderá ter condições de voltar à natureza”, acrescentou o veterinário. 

Banco de bicos

A realização do procedimento incentivou a criação de um “banco de bicos” para atender aves que são vítimas desse tipo de ferimento, mutilação ou avaria no bico.

“Aqui no CRAS, nós recebemos muitas aves com o bico quebrado. Queremos agora dar início a um banco de bicos. Também vamos compartilhar essa experiência com a comunidade científica, por meio de artigo científico”, finalizou Cazati.

Fonte: Correio do Estado - Fábio Oruê

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