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Na Espanha, advogado réu na Lava Jato admite lavagem de dinheiro para a Odebrecht

23 FEV 2019 - 14h:16 Por Paulo Ricardo

O advogado Rodrigo Tacla Duran, réu na Operação Lava Jato, admitiu em depoimento à Procuradoria Especial contra a Corrupção e o Crime Organizado da Espanha a prática de lavagem de dinheiro para a Odebrecht.

No depoimento como testemunha, prestado em fevereiro de 2017, o advogado - que mora na Espanha - reconheceu que emprestou contas de empresas dele naquele país e em Cingapura para a movimentação de recursos que a empreiteira matinha em paraísos fiscais do Caribe.

Tacla Duran também afirmou que emitiu notas fiscais falsas para justificar os recursos da Odebrecht que entravam nas contas bancárias das empresas dele.

Até então, o advogado negava a prática dos crimes. As informações prestadas por Tacla Duran às autoridades espanholas foram anexadas pelo Ministério Público Federal (MPF) ao pedido de prisão do operador financeiro Paulo Vieira de Souza.

Ele foi preso preventivamente na terça-fera (19), em São Paulo, na 60ª fase da Operação Lava Jato. Souza é apontado pela força-tarefa como peça-chave na lavagem de milhões de reais em favor da Odebrecht. A defesa dele preferiu não comentar o caso.

Conforme o MPF, Tacla Duran é um dos operadores financeiros que atuou junto ao Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, mais conhecido como "departamento de propina", "notadamente a partir do primeiro semestre de 2010".

Os procuradores apontam que o advogado se dedicava profissionalmente à prática de lavagem de dinheiro, tendo viabilizado a entrega de dinheiro sujo tanto no Brasil quanto no exterior.

"Rodrigo Tacla Duran foi responsável, mediante a utilização de contas por ele titularizadas e administradas, mantidas em instituições bancárias sediadas no exterior, por intermediar valores provenientes de contas ligadas ao Grupo Odebrecht, consistente em dinheiro sujo, proveito e produtos dos delitos antecedentes, sobretudo aqueles perpetrados em detrimento da Petrobras, para outras pertencentes a doleiros, os quais foram, então, disponibilizados aos executivos do grupo empresarial, em moeda nacional", diz o MPF.

Investigações contra Tacla Duran

Rodrigo Tacla Duran foi alvo de um mandado de prisão preventiva na 36ª fase da Lava Jato, deflagrada em novembro de 2016. À época, Tacla Duran já estava fora do país e não chegou a ser preso.

Além de uma ação que apura irregularidades na concessão de rodovias federais no Paraná, ele é réu em um processo que apura crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa em um esquema envolvendo obras de mais de R$ 1,8 bilhão do Consórcio Pipe-Rack, no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

Tacla Duran também é réu em outro processo que apura crimes de corrupção contra a Petrobras. Nesta ação, foi solicitada a extradição do réu para o Brasil, mas o pedido foi negado pela Espanha devido à dupla nacionalidade do advogado.

Em abril de 2018, a Justiça Federal decidiu pela transferência de parte deste processo para as autoridades espanholas, considerando previsão em tratado e a utilização de empresa constituída na Espanha para a prática dos crimes investigados. 

Fonte: G1 PR

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