Profissões

Mato Grosso do Sul tem mais de 100 mil à procura de emprego

1 MAI 2019 - 22h:00 Por Paulo Ricardo
Atendimentos por intermediação de trabalho na Funtrab foram grandes no primeiro trimestre Atendimentos por intermediação de trabalho na Funtrab foram grandes no primeiro trimestre - Foto: Bruno Henrique / Correio do Estado

Com o desemprego batendo à porta de 13,4 milhões de brasileiros e mais de 100 mil sul-mato-grossenses, segundo o IBGE, os trabalhadores trazem a esperança como a palavra-chave para este dia 1º de maio.

Somente nos primeiros três meses de 2019, o número de atendimentos ao trabalhador nas unidades do Sistema Nacional de Emprego (Sine) em Mato Grosso do Sul teve crescimento de 39,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados são do Centro de Estudos e Pesquisas da Fundação do Trabalho de MS (Funtrab). Nos três meses deste ano, 12.040 trabalhadores inscreveram-se em busca de uma vaga, contingente 29,3% superior ao do mesmo intervalo de 2018 (9.306 pessoas). Já o volume de emprego ofertado não segue este mesmo ritmo. Mesmo assim, a luta continua nos semblantes de vários personagens que tentam a chance na porta da Funtrab.

No Estado, mais de 12 mil buscaram uma vaga

De acordo com a Base de Gestão da Intermediação de Mão de Obra (IMO) da Funtrab, os serviços que tiveram crescimento significativo se referem ao atendimento, inscritos, encaminhados, vagas oferecidas e seguro-desemprego, dentro da dinâmica do mercado de emprego formal no País e em consequência do desenvolvimento econômico no Estado.

Nos primeiros três meses deste ano, 12.040 trabalhadores inscreveram-se em busca de uma vaga, contingente 29,3% superior ao do mesmo intervalo de 2018 (9.306 pessoas). O número de encaminhamentos para empresas aumentou 30,1% e passou de 17.035 trabalhadores, no primeiro trimestre de 2018, para 22.177 neste ano.

Conforme análise da instituição, com o crescimento da população, há maior elevação da pressão sobre o mercado de trabalho e, diante da entrada de novos trabalhadores à procura de emprego, aumenta a quantidade de pessoas na força de trabalho, ocasionando uma expansão no número de trabalhadores que são atendidos, inscritos e encaminhados às vagas de emprego e serviços da Funtrab.

O aumento da busca pelos serviços também é reflexo do número expressivo de emissão de carteiras de trabalho no período, aponta a Funtrab. De janeiro a março deste ano, foram 2.246 documentos expedidos, diante de 747 carteiras de trabalho nos primeiros três meses de 2018.

Retração

Mesmo havendo aumento da procura por oportunidade de trabalho e também do crescimento de vagas ofertadas – as empresas do Estado disponibilizaram 3% mais vagas neste ano em relação ao mesmo período do ano passado, saindo de 8.318 para 8.573 vagas –, a quantidade de trabalhadores colocados no mercado apresentou recuo. Neste primeiro trimestre do ano, foram contratadas 5.203 pessoas, enquanto no mesmo período de 2018 foram 5.736 colocados.

Apesar de o número de trabalhadores colocados sofrer uma redução no primeiro trimestre de 2019, esse comportamento também é decorrente da dinâmica do mercado de trabalho, conforme análise da Fundação do Trabalho. “Com o aumento do número de trabalhadores disponíveis, as empresas tornam-se mais exigentes em relação ao perfil do profissional, o que dificulta a colocação e eleva a reprovação nos processos seletivos. Portanto, com o aumento de pessoas na força de trabalho, ocorre uma maior rotatividade da mão de obra – o que reflete no aumento de entradas do seguro-desemprego”.

O número de benefícios solicitados pelos trabalhadores em Mato Grosso do Sul cresceu 10% e fechou em 19.285 pedidos nos três primeiros meses de 2019, ante 17.517 no ano passado.

Diante dos números apresentados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) no Estado neste primeiro trimestre – no ano, o saldo de empregos fechou positivo, com 10.570 vagas –, a expectativa da fundação é de aumento na quantidade dos serviços prestados pelas unidades do Sine nos próximos meses.

Jornada longa pelo emprego afeta também os mais jovens

No caso de Isabele de Matos, 24 anos, a busca por emprego com carteira assinada já dura cinco meses. Ontem, véspera do feriado, ela foi ao setor de intermediação de vagas da Funtrab, acompanhada da prima, Jaqueline Ferreira, 24 anos, também à procura de uma vaga. “Eu estou procurando vaga como atendente ou recepcionista, já tenho experiência. Mas, mesmo assim, está difícil. Faltam vagas e, quando aparecem, muitas vezes é exigido muito mais do que a gente consegue ter”, explicou.

Foi o que ocorreu ontem: segundo Isabele, havia vaga disponível para as funções que ela procurava, mas o empregador exigia carteira de habilitação – que a jovem ainda não tem.

Já Enzo Pereira da Silva, morador do Jardim Nova Serrana, está à procura do primeiro emprego e retirou ontem a carteira de trabalho na Funtrab. Com 17 anos, ele estuda à noite, mas espera conseguir uma colocação mais facilmente, agora que tem o documento. “Eu quero trabalhar com vendas, sou ‘convencedor’”, planeja.

Para a mãe do adolescente, Sueli Pereira, conseguir a carteira de trabalho é o primeiro passo, mas ela se preocupa com a situação de emprego. “Você viu quantas pessoas estão procurando emprego ali [na Funtrab]? É importante ele ter a carteira, porque, se aparecer a vaga, já vai poder ser contratado. Mas está difícil para todo mundo”, comentou.

Rosângela aposta em nova oportunidade

Após ficar dois anos e meio fora do mercado de trabalho formal por motivo de saúde, a costureira Rosângela da Silva Honório, 48 anos, moradora do Bairro Santa Luzia, espera ganhar nesta semana uma nova oportunidade de emprego com carteira assinada em Campo Grande. Amanhã, ela tem entrevista marcada em uma indústria de confecção do Indubrasil para trabalhar como costureira industrial do empreendimento. Ontem, véspera do Dia Mundial do Trabalho, Rosângela esteve na Fundação do Trabalho de MS (Funtrab) para pedir a emissão da segunda via da carteira de trabalho, que, segundo a trabalhadora, está muito antiga e com a capa caindo. O documento deve ficar pronto na próxima semana.

“Eu costuro desde os 16 anos. Há um ano fiz uma cirurgia e depois fiquei costurando em casa e ajudando minha filha com as crianças dela. Mas tinha vontade de ‘voltar para o mundo’, e fui atrás. Agora, voltei a estudar, estou terminando o EJA [Educação de Jovens e Adultos] e quero continuar crescendo”, afirmou. Para a costureira, diferentemente do que ocorre em outros segmentos, é difícil não arranjar emprego na área em que ela atua. “O que garante [a escolha do empregador] é carteira de trabalho com o registro de costureira, e eu trabalhei com isso toda a minha vida”, comentou.

Desemprego no País atinge 13,4 milhões

A taxa de desocupação no Brasil ficou em 12,7% no trimestre encerrado em março, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados há pouco pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado ficou abaixo da média (12,8%) das expectativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que estimavam uma taxa de desemprego entre 12,5% e 13%. Segundo o IBGE, o número de desempregados no Brasil foi de 13,4 milhões de pessoas. Isso representa alta de 10,2% em relação ao trimestre anterior (12,2 milhões). Na comparação com o mesmo período de 2018, a variação não foi estatisticamente significativa (13,6 milhões).

Durante o mesmo período de 2018, a taxa de desemprego medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua estava em 13,1%.

Fonte: Correio do Estado - Daniella Arruda e Rosana Siqueira

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