Um cenário de terra arrasada. Assim está a Praça do Pé-de-Cedro de Coxim com o corte literal de várias árvores e diversas espécies, inclusive filhos do maior símbolo da cultura de Coxim – o Pé-de-Cedro – do saudoso poeta e compositor, Zacarias Mourão.
Recentemente, essa praça foi usada como cenário para que vários políticos locais gravassem um vídeo, em apologia a um político agora alçado à condição de patrimônio político local.
As árvores foram dizimadas sem que nenhum desses figurões as defendesse como um verdadeiro patrimônio, fonte de inspiração e orgulho dos apaixonados por Coxim, pela sua história e sua cultura.
Qual o legado do fato em si?
O de uma cidade onde a valorização do patrimônio natural e cultural está longe das políticas públicas, entregue ao descaso pelo poder público e seus escudeiros fiéis.
O que falar para os alunos da Escola Silvio Ferreira que enchiam de vida a praça em busca de seus frutos e suas sombras?
O que falar para tantos artistas e produtores de cultura que por anos se reúnem em fórum, discutindo e apontando caminhos para a condução das políticas públicas de cultura?
O que dizer para a população que, indignada, se acanha diante dessa demonstração de força do poder público. O que dizer a nós mesmos?
Dizer que esse é mais um golpe na democracia e na vontade popular, de uma administração cujos desmandos são respaldados por uma maioria bem acomodada no poder, com direito a acomodar seus afilhados, cuja única função é a de justificar o injustificável e isolar desafetos.
São os novos tempos que chegam assustando, fragilizando, matando sonhos e fomentando atitudes de resistência e luta pela garantia do que já é nosso, com a força de canetas, máquinas e poder.
Por: Paulo Carvalho