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'Era ótimo aluno', diz funcionária de escola sobre adolescente que atirou contra colegas em sala de

Servidora diz que garoto, que estudava na escola desde os 5 anos, tinha notas excelentes e participava bastante das atividades do colégio. Tiros deixaram 2 estudantes mortos e 4 feridos.

21 OUT 2017 - 10h:43 Por Youssef Nimer
Colégio Goyases, Goiânia, Goiás Colégio Goyases, Goiânia, Goiás - Foto: Sílvio Túlio/ G1

Uma funcionária do Colégio Goyases disse que o estudante que matou dois colegas a tiros e feriu outros quatro dentro da sala de aula, nesta sexta-feira (20), em Goiânia, não tinha problemas disciplinares. Segundo a servidora, que preferiu não se identificar, o adolescente de 14 anos estudava na unidade desde bem pequeno, nunca havia se envolvido em qualquer tipo de confusão e era bastante participativo.

“Ele era ótimo aluno, tinha notas excelentes e uma letra perfeita. Está conosco desde os 5 anos e o irmão dele, que tem 7, também estudava aqui. A família dele também era muito parceira e participava bastante das atividades da escola", afirmou ao G1.

No final da tarde, a instituição fixou uma faixa no portão da escola com os dizeres: "Família Goyases em luto".

O crime aconteceu na manhã de sexta-feira (10). Além das mortes de João Vitor Gomes e João Pedro Calembo, ambos de 13 anos, outros quatros alunos, da mesma sala, foram baleados e estão internados (veja quadros clínicos abaixo).

O que se sabe até agora:

Sequência de fatos:

    Colegas relatam que ouviram um barulho.

    Em seguida, os alunos viram o adolescente tirando a arma da mochila e atirando

    Alunos correram para fora da sala de aula

    O aluno descarregou um cartucho, carregou o segundo e deu um tiro, mas foi convencido pela coordenadora a travar a arma

    Estudante foi levado para a biblioteca até a chegada dos policiais

Bullying

O coronel da Polícia Militar Anésio Barbosa da Cruz informou que o autor dos disparos era alvo de chacotas de colegas. “Ele estaria sofrendo bullying, se revoltou contra isso, pegou a arma em casa e efetuou os disparos”, disse.

Um aluno de 15 anos, que estava na sala no momento do tiroteio, também contou que o adolescente era vítima de piadas maldosas.

"Ele sofria bullying, o pessoal chamava ele de fedorento, pois não usa desodorante. No intervalo da aula, ele sacou a arma da mochila e começou a atirar. Ele não escolheu alvo. Aí todo mundo saiu correndo", relatou o estudante.

Feridos

Três alunos que ficaram feridos estão internados no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). Outra menina baleada foi levada ao Hospital de Acidentados.

    Hyago Marques – 13 anos - Foi atingido no tórax com menor gravidade e não precisou passar por cirurgia. Ele respira normalmente, está acordado, conversando e internado na enfermaria.

    Isadora de Morais – 14 anos : Internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hugo. Ela levou um tiro no tórax que perfurou o pulmão, passou por uma cirurgia para drenagem do tórax e está em estado grave, na UTI e respirando com ajuda de aparelhos. Ela ainda corre risco de morte.

    Lara Fleury Borges – idade não confirmada - Está internada na enfermaria do Hospital dos Acidentados em estado estável e repirando espontaneamente.

    Marcela Rocha Macedo – 13 anos - Ela também foi baleada no tórax, teve o pulmão esquerdo perfurado, passou por cirurgia e está internada na enfermaria. Paciente está consciente e respirando sem aparelhos.

Columbine e Realengo

Segundo a Polícia Civil, o garoto contou que se inspirou nos massacres de Realengo, no Rio de Janeiro, e de Columbine, nos Estados Unidos.

"Ele disse que vinha sofrendo bullying, ou nas palavras dele, que um colega estava amolando ele. Inspirado em outros casos, segundo ele como os de Columbine e o de Realengo, ele decidiu cometer esse crime. Ele ficou dois meses planejando a ação", disse o delegado Luiz Gonzaga Júnior, titular da Delegacia Estadual de Apuração de Atos Infracionais (Depai).

Funcionários da escola levaram o autor dos disparos para a biblioteca para aguardar a chegada dos policiais. Ele foi apreendido e levado para a Depai, onde contou que atirou primeiro contra João Pedro porque ele fazia bullying com o suspeito.

O delegado disse que a tragédia poderia ser ainda maior se um professor não interviesse, pois o adolescente tinha mais munição.

“Ele ia matar todo mundo. Levou dois carregadores para a escola. Descarregou o primeiro, carregou o segundo, deu um tiro, mas foi abordado pela coordenadora. Ele pensou até em se matar, apontou a arma para a cabeça, mas ela o convenceu a travar a arma”, disse Júnior.

Filho de policiais militares, o adolescente atirou com uma pistola .40, que é de uso da PM. A arma pertence à mãe dele.

Fonte: G1

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