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Justiça decreta prisão de homem que aparece em vídeo do WhatsApp esganando vítima até a morte

19 MAI 2017 - 06h:59 Por Valdeir Simão e Youssef Nimer
Homem é filmado estrangulando a vítima ao lado de rio em Itapevi, na Grande São Paulo Homem é filmado estrangulando a vítima ao lado de rio em Itapevi, na Grande São Paulo - (Foto: Reprodução/Redes sociais)

A Justiça decretou a prisão temporária do homem que aparece esganando um rapaz em Itapevi, na Grande São Paulo, num vídeo que circula no WhatsApp. Lucas Matheus Batista Santos, de 20 anos, ficará 30 dias preso na cadeia de Cotia, pelo assassinato da vítima, ainda não identificada, e ocultação do corpo, que foi encontrado num córrego.

O caso ocorreu na terça-feira (16), mas só foi descoberto na quarta-feira (17) após a Polícia Militar (PM) receber a filmagem do crime pelo aplicativo de celular. As imagens foram gravadas pela irmã do assassino, que tem 15 anos.

Elas mostram Lucas apertando o pescoço do jovem com as duas mãos até ele perder os sentidos e morrer. As cenas não mostraram, mas em seguida ele amarrou uma corda no pescoço da vítima e a jogou num riacho.

A Polícia Civil investiga se a adolescente participou do homicídio ou se foi obrigada a filmar ou ainda se quis gravar o irmão para denunciá-lo. A mãe dela e de Lucas também é investigada pelos mesmos motivos.

Policiais militares prenderam Lucas na casa dele, na Rua Pedro Valadares, no bairro Vitápolis. Em outro vídeo, esse feito pelos agentes, ele confessou o crime. Nele, o desempregado alega que matou o jovem para dar a alma dele ao demônio.

'Exu da morte'

“Comecei gritar, falar exu da morte, tiriri, essa alma é para vocês, me deixa em paz. Aí depois eu enforquei [esganei] bastante ele”, diz o preso, que não demonstrou arrependimento na gravação.

O tenente Gustavo Morales, do 20º Batalhão da PM, falou que ele e os outros policiais ficaram impressionados com a motivação do crime. “O assassino disse que matou o rapaz porque estava devendo uma alma para o demônio”, disse o oficial.

No vídeo feito por policiais, o assassino não demonstra remorso mesmo após ter sido preso pelo crime. “Compensar não compensa, mas...”, disse ele, que em seguida foi questionado por um policial se estava arrependido. "Não, não”, respondeu.

Com a confissão, Lucas indicou aos policiais o local onde escondeu o corpo: um córrego. Equipes de resgate foram ao local e conseguiram retirar o cadáver, que passará por exames para ser identificado.

Satanismo ou vingança

A vítima seria conhecida do agressor e teria a mesma idade dele. Outra hipótese investigada pela Delegacia de Itapevi para explicar o crime, além da do ritual de satanismo, é de que ele tenha sido cometido por vingança: o rapaz teria mexido com uma mulher que reclamou disso com Lucas, que, por sua vez, decidiu matar o jovem.

Segundo o delegado Marcos Antonio Manfrin, da Delegacia de Itapevi, que investiga o caso, Lucas foi indiciado por homicídio doloso triplamente qualificado (por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver.

O delegado pretende pedir a prisão preventiva quando concluir a investigação. “Estamos apurando se Lucas cometeu outros assassinatos na região”, disse Manfrin, nesta quinta-feira (18) ao G1.

A irmã e a mãe do assassino serão chamadas para prestar depoimentos na delegacia. “Queremos saber se elas tiveram participação no crime ou se decidiram gravá-lo para denunciá-lo”, disse o delegado.

O relato de Lucas sobre como ele matou o rapaz impressiona pela frieza, segundo Manfrin.

Corpo no rio

Num dos trechos do vídeo da confissão dada aos policiais, o preso conta em detalhes o que fez. “Eu cheguei e comecei a discutir com ele. Bati bastante na cabeça dele, depois enforquei [esganei]. Ai ele ficou se agonizando”, afirma. “Ai eu parei. Ai depois eu vi que ele ia levantar, eu pisei no gogó dele. Fiquei pisando várias vezes. Ai pisei na cabeça dele.”

Depois, Lucas fala que amarrou uma pedra na vítima, e a jogou num riacho perto do local do crime. “Ele parou de respirar. Aí eu amarrei uma pedra nas costas dele. Amarrei um lençol e joguei ele no rio, mas só que ele não foi”, diz. “Aí eu pulei dentro do rio e empurrei ele, como se fosse uma canoa. Joguei, ele foi devagarzinho, e eu entreguei pros exus a alma dele.”

Só um laudo poderá apontar a causa da morte do rapaz, mas, em princípio, a principal hipótese é mesmo de esganadura.

“O assassino foi preso. Ele confessou que matou o rapaz após uma discussão e o corpo foi achado”, disse o delegado Manfrin. “Ele esganou a vítima, que morreu asfixiada.”

Lucas está desempregado e ainda teria passagens por furto e roubo, segundo policiais.

Fonte: G1

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