Mulher segura celular com aplicativo de jogos. Foto: Arquivo/Henrique Kawaminami
Relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) mostrou que 4,4 milhões de famílias beneficiárias do Bolsa Família transferiram R$ 3,7 bilhões para casas de apostas em janeiro de 2025. O valor representa 27% dos R$ 13,7 bilhões pagos pelo programa naquele mês. Nâo há dados estaduais sobre a questão.
De acordo com o levantamento, 21,8% dos lares atendidos tiveram algum integrante que realizou apostas online. O estudo considerou apenas plataformas autorizadas a operar no Brasil, deixando de fora os sites ilegais.
O TCU identificou movimentações financeiras muito acima da renda declarada pelos beneficiários. Vinte por cento das famílias apostadoras concentraram 80% dos valores transferidos, com apostas que chegaram a R$ 2 milhões em um único mês.
Há casos de famílias que movimentaram entre R$ 100 mil e R$ 1,4 milhão no período, o que levou o tribunal a apontar "elevado risco de uso indevido de CPFs e contas de beneficiários" em esquemas de fraude ou lavagem de dinheiro.
O cruzamento de dados revelou que 2.818 famílias estão em situação "crítica" e de "alto risco social". Outras 23,3 mil estão em fase inicial de endividamento e 774,6 mil têm parte da renda comprometida com apostas. No total, mais de 800 mil lares estão em situação de vulnerabilidade financeira.
Por outro lado, 81,9% das famílias que apostaram comprometeram menos de 2% da renda mensal, o que indica baixo impacto no orçamento para esse grupo.
Após a divulgação dos dados, o Ministério da Fazenda, por meio da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), ampliou em 30 dias o prazo para que empresas de apostas bloqueiem cadastros de beneficiários do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada.
A determinação cumpre decisão do Supremo Tribunal Federal que obriga o governo a impedir o uso de recursos de programas sociais em apostas online.
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