Campo Grande MS

Pais acusam maternidade de negligência após filho nascer morto: 'esperaram troca de plantão'

Pais acusam Maternidade Cândido Mariano de demora no atendimento; bebê Levi nasceu morto e mãe teve o útero retirado após hemorragia intensa

1 AGO 2025 - 07h:13 Por Emilly Constanci
Darlene se despediu do filho natimorto / Arquivo pessoal  Darlene se despediu do filho natimorto / Arquivo pessoal

Os pais do bebê Levi acusam a Maternidade Cândido Mariano, em Campo Grande, de negligência após o filho nascer morto na manhã do último domingo (27). Eles acreditam que a principal causa para o falecimento de Levi foi a demora para o parto, devido à troca de plantão.

Segundo o pai, Erick de Souza, a demora causou a morte do filho e também complicações graves para a mãe, Darlene Maciel, de 27 anos, que teve o útero retirado após hemorragia. Ela precisou esperar por atendimento enquanto a equipe médica aguardava a troca de plantão.

Com isso, Levi nasceu sem vida aos 38 semanas e 5 dias de gestação. Conforme os pais, ele estava saudável, pesava 3,250 kg e havia se desenvolvido normalmente até o momento do parto. "Se tivessem sido ágeis, não tivesse essa espera, isso não teria acontecido", desabafa o pai,

Erick agora acompanha a esposa em recuperação. De acordo com ele, a mãe do bebê precisou passar por uma cirurgia de emergência e teve o útero retirado após uma hemorragia intensa. Ela também precisou receber duas bolsas de sangue. "Agora ela não pode mais ter filhos", lamenta.

O drama da família começou na madrugada de domingo (27), por volta da 1h, quando Darlene começou a sentir dores. O casal levou os outros filhos para a casa da avó e deu entrada na maternidade por volta das 2h30. Após avaliação, por volta das 5h, os médicos informaram que ela estava com cerca de 3 centímetros de dilatação e deveria aguardar a troca de plantão, prevista apenas para as 7h.

Durante esse tempo, o bebê ainda apresentava batimentos cardíacos, conforme exame feito para auscultar o coração. Porém, segundo Erick, quando sua esposa relatou que não sentia mais o bebê se mexer, nenhuma medida imediata foi tomada.

"Chamamos uma médica, chamamos outra, mas ninguém fazia nada. Nem ultrassom foi feito. Avisamos que ela já tinha tido complicações no nascimento das nossas outras filhas, mas nada foi feito", conta.

Somente por volta das 9h, horas após o início das dores e da internação, a equipe decidiu encaminhar Darlene ao centro cirúrgico. Lá, a médica constatou que o bebê havia evacuado dentro do útero, um sinal de sofrimento fetal, e que havia uma hemorragia intensa.

O parto, então, finalmente foi feito, mas Levi já estava morto. Após a cesariana, Darlene passou por uma esterectomia (retirada do útero), procedimento necessário para conter a hemorragia.

De acordo com a certidão de óbito, Levi morreu por parada cardíaca, sofrimento fetal agudo e descolamento de placenta oculto. A família, no entanto, acredita que a morte foi consequência direta da demora no atendimento.

"A gente ficou indignado com essa espera. Com nossas duas filhas anteriores também houve complicação, mas o médico agiu rápido e salvou as duas", afirmou Erick.

O pai desabafou em uma rede social sobre a dor da perda do filho. "A dor da sua ausência é um peso insuportável. A cada dia que passa, sinto que eu podia ter feito algo para evitar sua partida. Eu não pude ouvir o seu choro, sentir seu cheiro e nem sequer pude balançar você em meus braços", diz, ainda lidando com a dor da perda.

"Você foi um presente em minha vida e, mesmo com a dor da perda, sou grato por Deus ter nos enviado você. O amor que sinto por você é eterno", se despede o pai.

O sepultamento de Levi acontece nesta sexta-feira (1º), às 9h30, com a presença de amigos e familiares. Até o momento, a Maternidade Cândido Mariano não se manifestou sobre o caso.

Leia mais em: https://www.topmidianews.com.br/campo-grande/pais-acusam-maternidade-de-negligencia-apos-filho-nascer-morto/225666/

Deixe seu Comentário

Leia Também

Voltar