Após sofrer um acidente de ônibus, o bombeiro militar Willian Eugênio do Nascimento precisou amputar a mão direita e decidiu que seguiria com sua vida, inclusive competindo no crossfit. Tomando essa decisão como uma vontade própria, ele conta que se surpreendeu ao receber mensagens dizendo que sua performance era inspiradora e, no fim, ficou feliz.
“De alguma forma, isso ajudou algumas pessoas a quererem fazer alguma coisa e não achar problema da situação delas”, resume o militar sobre a repercussão durante os últimos dias. Falando sobre seu próprio cenário, Willian explica que entrou na corporação dos bombeiros em 2021, mas já seguia carreira militar.
E, assim como é apaixonado pela profissão, narra que também se encantou com o crossfit logo que conheceu o esporte. Morando no interior do Estado, Willian começou a treinar em 2018 e, quatro meses após iniciar, já partiu para as competições.
Neste ano, enquanto seguia com o cotidiano, ele explica que veio o acidente para mudar os rumos. “Eu estava indo me apresentar no trabalho. Peguei um ônibus em Coxim de manhã e, quando estava passando por São Gabriel, o motorista perdeu o controle e acabou tombando o ônibus”.
Por estar ao lado tombado e na janela, o militar teve ferimentos graves na área do antebraço. Após o acidente, a reação foi de sair do ônibus, estancar o ferimento no braço direito e apenas depois pensar o que seria feito com o direito.
De lá, Willian foi levado para o hospital e, após o primeiro atendimento, foi transferido para Campo Grande. “O médico explicou sobre como estava difícil, que eles iam tentar salvar pelo menos alguns dedos, mas na mesma hora eu falei que não tinha problema e que podiam tirar a mão”.
Pensando na filha pequena, ele conta que decidiu seguir pelo caminho com maior segurança, já que a infecção poderia se espalhar. “Eu queria ver ela [filha] e sabia como estava grave a situação”, disse.
Além disso, Willian também precisou fazer uma cirurgia na coluna para tratar uma hérnia de disco e, desde a última cirurgia, se passaram dois meses. Hoje, ele conta que está em recuperação, sendo que apenas a área amputada continua sensível.
“Só depois da cirurgia é que comecei a fazer musculação, só o básico para fortalecer e também fisioterapia. A fisioterapia terminou na semana do campeonato e foi só ali que peguei a barra pela primeira vez”, explica Willian.
Focando em fazer aquilo que gosta, ele narra que testou alguns exercícios, aprendeu a fazer poucos movimentos e seguiu para o campeonato mesmo assim.
“Quando me falaram que fui um exemplo, eu realmente me surpreendi porque para mim é normal, já convivo comigo mesmo sem a mão. Então, não imaginava que as pessoas iam achar algo tão diferente”, detalha sobre a repercussão.
Na mente do militar, alguns elogios chegariam, mas nada tão grande. “Eu só queria ir lá fazer o que eu gostava e voltar para casa, mas eu fico feliz. Fico feliz de ter recebido mensagens sabendo que tinham pessoas que estavam reclamando de seus problemas e que agora se motivaram a fazer alguma coisa. Que essas pessoas ficaram felizes e que, de alguma forma, isso ajudou”, completa.
Aletheya Alves/CGNews