Coxim MS

"Doa a quem doer, vai aparecer a resposta?", pergunta pai de Luísa à Cassems

23 FEV 2021 - 20h:00 Por Redação
De camisa verde, Rafael Aguillar Steim, tio da criança, ao lado do irmão, Luiz Gustavo, pai da menina De camisa verde, Rafael Aguillar Steim, tio da criança, ao lado do irmão, Luiz Gustavo, pai da menina - Foto: Marcos Maluf

Na manhã de terça-feira (23), a família da menininha Luísa, de 11 meses, que morreu na última sexta-feira (19), teve a promessa da Cassems de que a morte da filha não ficará sem investigação. Em reunião com os familiares, a diretoria do plano também se comprometeu a entregar o prontuário da paciente ainda na tarde de hoje.

"A pergunta que eu fiz foi: 'doa a quem doer, vai aparecer a resposta?'", conta Luiz Gustavo Aguillar Steim.

A indagação resume o sentimento de um pai que, desde o dia 19, busca respostas para o que aconteceu com a filha. A criança foi internada na terça-feira (16) no Hospital da Cassems de Coxim e veio transferida para a unidade da Capital em estado grave depois de ter convulsão e paradas cardíacas após a aplicação de um medicamento na veia. Aqui, a criança teve mais três paradas e não resistiu.

Depois de enterrarem o corpo da menina no sábado (20), dia em que ela faria 1 aninho, os familiares registraram o caso como morte a esclarecer na 3ª Delegacia de Polícia Civil, deram entrevistas e pediram que a população compartilhasse a história.

A repercussão foi imediata, gerou duas notas da Cassems e uma reunião marcada pelo próprio presidente, Ricardo Ayache, junto com o vice-presidente da Cassems, Ademir Cerri, e o gerente jurídico, Patrick Hernands, com os familiares.

"Eles disseram que estão muito chateados, prestaram as condolências, perguntaram o que aconteceu e se solidarizaram", descreve o pai sobre o encontro de hoje.

Em nota, o presidente da Cassems, Ricardo Ayache reforçou que a reunião foi feita para apresentar à família a data para a entrega do resultado da sindicância. "Estamos averiguando tudo o que ocorreu nesse atendimento, que infelizmente teve um desfecho fatal, e tomaremos todas as providências cabíveis."

Segundo a família, a diretoria informou que o advogado da Cassems vai para Coxim na quinta-feira, cidade distante 260 quilômetros da Capital e onde o atendimento começou, para ouvir a equipe do hospital. "Agora vamos aguardar para ver essa sindicância deles e deixar o processo rolar também na delegacia", relata Luiz Gustavo.

Também presente na reunião, o tio da criança, Rafael Aguillar Steim, acrescenta que com o prontuário em mãos, a família vai aguardar as instruções dos advogados.

"Nós deixamos bem claro que em relação à investigação clínica, não entendemos nada, não somos médicos, mas achamos estranho o comportamento e atitudes do médico que atendeu em Coxim e nós repassamos tudo isso para a diretoria da Cassems que nos prometeu que essa investigação terá resultado e que irão nos manter informados", comenta.

Luísa, de 11 meses, quando estava internada em hospital. (Foto: Arquivo de família)

Com o caso sendo amplamente divulgado também nas redes sociais, o tio da menininha relatou à diretoria a quantidade de mensagens recebidas de mães que contam ter passado pelo mesmo médico e que também têm queixas e dúvidas quanto ao atendimento.

"A gente vai lutar por isso agora, que essa seja uma bandeira que estamos levantando para que outras mães não fiquem amedrontadas e busquem saber o que realmente aconteceu com seus filhos. Todo mundo tem direito a saber", ressalta Rafael.

Sem chão - Os pais de Luísa, que tem outra menininha chamada Alice, de 5 anos, ainda não sabem se permanecem em Campo Grande ou retornam para a fazenda próximo à cidade de Coxim. Para o município mesmo, o pai diz que não pretende voltar tão cedo.

"A gente ainda não decidiu, mas devemos ir direto pra fazenda, não dá para ficar na cidade e viver dentro daquele lugar que vai ser sempre um terror na vida da gente. A ferida está muito aberta ainda".

O pai contou à filha mais velha que a irmãzinha não voltaria mais para a casa. Aos 5 anos, a menina chorou muito, mas em seguida já disse que ia brincar com Luísa que havia "virado uma estrela". "Nós dissemos para ela que a Luísa estava junto com a Lola, uma cachorrinha que ela tinha e virou estrelinha", descreve o pai emocionado. A notícia foi dada ainda na sexta-feira, data da morte da menina.

"Ela ficou mais tranquila, mas foi brincar de esconde-esconde e tentava adivinhar qual estrela era a irmã".

Paula Maciulevicius Brasil - Campo Grande News 

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