COLUNA

Paulo Ricardo

Brasileiros não estão nem aí para a terceira onda do Covid-19

2 MAI 2021 - 21h:36 Por Paulo Ricardo

Ainda nem saímos da segunda onda do coronavírus (Covid-19) e já existe a possibilidade da terceira onda acontecer nos próximos 60 dias, que pode multiplicar o número de óbitos e aumentar ainda mais a crise na saúde. Infelizmente, estamos muito longe da imunização de rebanho.

A vacinação nos estados continua no modo “tartaruga” e a maioria dos governadores e prefeitos acreditam no método “sanfona” para o controle da pandemia, impondo restrições (fechamento do comércio, toque de recolher, entre outros) e, na sequência, relaxando as regras de isolamento social.

Pandemias

Está muito claro que as autoridades governamentais não aprenderam nada com as principais pandemias que aconteceram no nosso planeta:

PESTE BUBÔNICA (PESTE NEGRA) - ocorreu na Europa no século XIV e vitimou mais de 80 milhões pessoas.

VARÍOLA - perpetuou por mais de 3 mil anos. O vírus era transmitido de pessoa para pessoa, por meio das vias respiratórias. Foi erradicada do planeta em 1980, após campanha de vacinação em massa.

CÓLERA - teve início em 1817, matando milhares de pessoas. A bactéria continua sofrendo diversas mutações, causando novos ciclos de tempos em tempos.

GRIPE ESPANHOLA - mais de 40 milhões de pessoas morreram na pandemia de 1918, causada por um subtipo de vírus influenza. Os sintomas da doença são muito parecidos do atual coronavírus (Sars-CoV-2) e não existia cura.

GRIPE SUÍNA - infecção pelo vírus Influenza A (H1N1) de origem suína, primeira pandemia do século XXI. O vírus surgiu no México em 2009 e se espalhou rapidamente pelo mundo, matando mais de 12 mil pessoas. O contágio acontece a partir de gotículas respiratórias no ar ou em uma superfície contaminada.

Dessas cinco pandemias citadas, podemos observar que leva muito tempo para poder imunizar ou erradicar uma doença, quando é possível, sem contar que o número de óbitos é assustador. Sendo assim, convivendo com a atual pandemia, por mais de um ano, o método “sanfona” (imposto pelos governadores e prefeitos) já provou ser uma péssima ideia para tentar conter a propagação do Covid-19.

Variantes

As novas variantes (mutações do vírus) que estão surgindo no mundo – África do Sul, Brasil, Índia, Inglaterra – podem prejudicar a imunização das pessoas, caso a vacina não consiga neutralizar as novas cepas. A variante do coronavírus mais preocupante é a B.1.351, que surgiu na África do Sul.

A população jovem está mais exposta as novas cepas do vírus, o que aumentam o risco de infecção e morte

A variante detectada pela primeira vez no Reino Unido, a cepa B.1.1.7, é mais contagiosa e está atingindo os jovens de maneira bem mais forte.

OUTRAS LINHAGENS DO SARS-CoV-2:

B.1: Grande linhagem europeia cuja origem corresponde aproximadamente ao surto no norte da Itália no início de 2020;

B.1.1: Linhagem europeia;

B.1.212: Linhagem Sul Americana;

B.1.240: Surgiu nos EUA;

B.1.1.274: Inglaterra, Tailândia, Rússia e EUA;

B.1.1.33: Linhagem brasileira;

B.1.1.247: antiga B.1.1.55 linhagem do norte da Europa, Norte da África e Gâmbia;

B.1.1.28: Linhagem brasileira.

N.4: Surgiu no Chile derivada da B.1.1.33.4.

P.1: Linhagem brasileira surgiu em Manaus, variante descendente da linhagem B.1.1.28. Variante altamente transmissível e maior potencial de gravidade;

P.2: Linhagem brasileira surgiu no Rio de Janeiro.

O Brasil está sendo observado e acompanhado pelo mundo inteiro, devido ao grande número de novas variantes.

Mato grosso do Sul

A política de controle da pandemia adotada por Mato Grosso do Sul não está muito diferente dos outros estados brasileiros, aqui também está sendo aplicado o método “sanfona”.

O Governo do Estado, com o apoio técnico da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS), criou o Programa de Saúde e Segurança na Economia (PROSSEGUIR), onde é fácil verificar o efeito “sanfona” entre os 79 municípios.

Através de um mapa colorido e com indicadores questionáveis, ficam ditando restrições e, na sequência, amenizando as regras de isolamento social

Segundo o site do governo, para definir a bandeira de cada cidade, são levados em conta uma série de indicadores, entre eles: disponibilidade de leitos de UTI, quantidade de equipamentos de proteção individual, contato com casos confirmados, redução da mortalidade em relação a covid-19, disponibilidade de testes, redução de novos casos, ocorrências da doença entre profissionais de saúde e incidência do vírus na população indígena, entre outros fatores.

Ainda diz, que o programa Prosseguir foi criado para avaliar e classificar os municípios em faixas de cores, de acordo com o grau de risco que cada cidade apresenta (de baixo a extremo), a fim de nortear os agentes da sociedade, principalmente entes públicos, a tomarem suas decisões e tornarem suas ações mais eficientes no combate à propagação e aos impactos da Covid-19.

Programa Prosseguir = Efeito “Sanfona”

EXEMPLO: A prefeitura de Campo Grande/MS antecipa feriados e impõe muitas restrições na capital, então, os campo-grandenses aproveitam para viajar para outros estados ou municípios do interior com restrições menores, consequentemente, milhares de pessoas, em trânsito, podem contribuir na propagação das variantes do Covid-19. Sem generalizar, algumas pessoas até atendem o pedido dos representantes do povo e ficam em casa, entretanto, 14 dias depois com uma pequena diminuição dos casos, os mapas do programa Prosseguir apresentam melhoras e as regras de isolamento são amenizadas. Dessa forma, entramos em um loop (palavra inglesa, que significa 'circuito' ou 'sequência') que nunca termina, ou seja, o tal efeito "sanfona".

Quando as novas cepas não viajam com os sul-mato-grossenses, elas chegam através de pessoas assintomáticas ou pacientes, em estado grave, transferidos de outras regiões do país para os hospitais do estado, pois não existe uma prática padrão e de âmbito nacional para conter o vírus. Inclusive, o próprio Supremo Tribunal Federal (STF) garantiu autonomia aos governadores e prefeitos para determinarem medidas de enfrentamento ao Covid-19.

Abril de 2021

Mato Grosso do Sul registra o maior número de óbitos, desde o início da pandemia do novo coronavírus, foram mais de 1.300 vítimas fatais no mês de abril de 2021. No ano de 2020, foram registrados um total de 2.383 óbitos, entretanto, os primeiros quatro meses de 2021 já ultrapassa os 3.376 óbitos.

Final de semana

Campo Grande, dia 30 de abril (sexta-feira), último dia do mês, bairro Aero Rancho, início da noite...

Bares lotados, praça com mesas cheias, pessoas sem máscaras, som alto, churrasco na calçada, distanciamento social “ZERO”...

No supermercado de esquina, uma pessoa fazendo compras sem máscara (porque estava tomando um suco e comendo pastel entre os corredores), outras pessoas na fila da carne com a máscara protegendo a boca ou somente o queixo...

Para a maioria das pessoas!?... apenas mais um final de semana “NORMAL” durante a pandemia do Covid-19.

Lockdown

Especialistas ainda acreditam que o Brasil só consegue sair dessa onda de infecções e mortes se adotar um lockdown nacional de 30 dias e, ao mesmo tempo, aumentar a imunização para 2 milhões de doses por dia.

E aí vem a pergunta...

O que os brasileiros acham sobre tudo isso?

Eles não estão nem aí para o que os governantes estão pensando ou falando nas mídias sociais, imagina se vão estar preocupados com uma terceira onda do Covid-19.

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Imagem: Reprodução/Internet

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