COLUNA

Manoel Afonso

Calotes & Vacas Magras & Maribondos & Sayonará

26 JUL 2019 - 10h:36 Por Manoel Afonso

NO ALVO! Foi bem Pedro Caravina, presidente da Assomassul (Associação dos Municípios de MS) na sua fala dirigida ao Ministro da Saúde Luiz H. Mandetta no evento do último dia 15 na capital. Ao elogiar a liberação de recursos de investimentos na saúde pública, lembrou que os seus valores estão ‘represados’ há quase 3 anos. E arrematou: “os municípios deveriam gastar 15% obrigatórios com a saúde, mas não existe quase nenhum deles que gasta menos que 25%. Pela reação dos outros prefeitos presentes ao acontecimento todos eles estão sentindo o mesmo drama (‘vacas magras’).

OUTRO DRAMA Ao colunista Caravina reclamou da situação dos municípios, sob risco de ficarem sem caixa para pagar o 13º salário. E ressaltou: dos impostos/tributos 60% é da União; 22% dos Estados e 18% divididos entre 5.500 municípios. O líder municipalista destacou que o FPM e o ICMS praticamente estagnaram em 2018, mas a inflação medida foi de 7,5%. Daí a conta não fechar porque a despesa aumentou e a arrecadação ficou estagnada. Caravina deposita esperança na inclusão dos municípios na Reforma Tributária e reafirmou seu ponto de vista que se não haver mudanças no Pacto Federativo: “ muitas cidades voltarão a condição de distritos inapelavelmente”

NA ESTRADA Não é novidade que o PSB no Mato Grosso do Sul está se preparando para as eleições de 2022. Até lá há todo um caminho a percorrer para o fortalecimento da legenda também nos municípios interioranos. Neste sábado (27) o seu presidente Ricardo Ayache comanda em Cassilândia um encontro regional com as lideranças do partido nas cidades situadas na chamada ‘Costa Leste’. Como se vê, a meta formar uma base com representantes nas Câmaras Municipais para ganhar espaço no cenário estadual. A programação partidária prevê percorrer todas as regiões do Estado.

PARAÍBA O episódio do presidente Jair Bolsonaro (PSL) usando o termo ‘Paraíbas’ leva-nos a recordar um fato marcante na história do país e que envolve aquela unidade da federação. Nos idos de 1930, o Presidente da República Washington Luis pretendia eleger o governador paulista Júlio Prestes a Presidência. Assim, enviou uma proposta a Epitácio Pessoa – governador da Paraíba – encaminhando um acordo. Indignado com a manobra - o termo ‘nego’ foi palavra única e solitária que usou para repelir a proposta. Esse fato acabou precipitando a Revolução de 1930 e a emblemática palavra ‘Nego’ está até hoje na bandeira da Paraíba.   

SOB PRESSÃO!    De um lado a representação dos farmacêuticos, de outro o grupo de supermercados. No meio, o tema sobre a venda de remédios isentos de receitas fora das prateleiras das farmácias. Há risco de se aumentar a venda de remédios na base da automedicação que pode sim mascarar doenças e até matar. Hoje só 5% das cidades brasileiras não tem farmácias que totalizam 82 mil unidades. Se temos 1 milhão de pontos de comércio, conclui-se que a venda dos medicamentos crescerá. Há risco de promoções deste tipo: “compre dois sacos de arroz e ganhe 1 xarope de bonificação”. Pergunte a opinião de seu deputado federal. Mostre que você é eleitor antenado!

ENTUSIASMO O senador Nelsinho Trad (PTB) chega até a surpreender quanto a alguns projetos federais para nosso Estado. Ele não se limita a responder perguntas de entrevistadores; faz questão de avançar nas ponderações, mostrando dados e relatando fatos sobre o assunto. Percebi esse ânimo no papo na Radio Cidade onde demonstrou intimidade com o projeto da Rota Bioceânica e uma sintonia futurosa com o Governo Estadual. A opinião é geral; hoje Nelsinho é o senador de nosso Estado que mais vem se destacando no cenário nacional e também mais presente nos eventos e projetos aqui no MS. Recordando: ele está apenas no primeiro ano de mandato. Portanto, está plantando.   

DISCRIMINAÇÃO  No Brasil é voz corrente que na cadeia só ficam pobres, negros e putas. Os motivos dispensam palavras e os argumentos são notórios. Pois bem! Agora a Comissão de Constituição e Justiça do Senado tem pela frente um projeto de lei que visa acabar com os privilégios com endereços certos como ricos, portadores de diplomas de nível superior, autoridades em geral. É o caso de se questionar: por acaso as facadas deferidas por um servente de pedreiro doem mais do que as facadas deferidas por um doutor, militar, autoridade ou rico empresário? Os danos/dores irreparáveis em ambos os casos. Mas pelo visto a elite continuará sendo privilegiada. É assim que funciona.

DELCÍDIO “...Eu estou voltando. Eu sou do Partido Trabalhista Cristão (PTC), mas estamos discutindo uma opção partidária e falando com vários partidos para caminhar no Estado. Nossa ideia é eleger prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e consolidar o nosso partido...” O PTC nas eleições de 2018 elegeu 2 deputados federais e 12 estaduais e apoiou Alvaro Dias (PODE) ao Planalto. Antes apoiou Aécio Neves (PSDB), Dilma Roussef (PT), Collor de Melo (PRN), e Antony Garotinho (PSB). Com os direitos políticos caçados até 2016, começando a cumprir pena da Justiça Federal com prestação de serviços numa entidade de recuperação de menores da capital. A vida como ela é!

ANÁLISE: “....O Brasil vive um momento de inédita polarização e radicalização ideológica. É preciso cuidado na manipulação de teorias, conceitos e princípios. Ou alguém acha que Trump é ícone do liberalismo? Será que o capitalismo autoritário de Estado na China tem algo a ver com comunismo? Alguém imaginava a CDU e a social democracia alemã, aqui-inimigos históricos, de mãos dadas resistindo aos extremos? A caricatura do “socialismo bolivariano” na Venezuela e a débâcle de Cuba devem inspirar alguém? A globalização é o coração do liberalismo permitindo o livre transito de capitais e mercadorias, mas não de pessoas” (Marcus Pestana – deputado federal PSDB-MG)

CALOTE Impressionante como o poder público é especialista nesta matéria. Adora fazer cortesia com o chapéu alheio. Esse caso do Parque Nacional da Bodoquena de 76mil hectares mostra o desleixo como as coisas são tratadas aqui. O ex-presidente Fernando H. Cardoso (PSDB) fez todo aquele barulho criando o Parque há 18 anos, mas simplesmente não cuidou da indenização aos proprietários de mais de 80 % da área. Evidente que o caso repercutirá na Assembleia Legislativa através da Comissão de Meio Ambiente e por extensão caberá aos nossos políticos em Brasília fazer pressão para evitar uma decisão judicial que simplesmente poderá desfigurar o parque.

A PROPÓSITO Quando o assunto é calote impossível não lembrar de um caso que ficou famoso nos anais jurídicos de Mato Grosso do Sul. Quando o ex-governador Pedro Pedrossian resolveu implantar o Parque das Nações Indígenas na capital, dezenas de chácaras da região foram desapropriadas para viabilizar o audacioso projeto. Na época falou-se que o pagamento ocorreria rapidamente, mas os casos destes precatórios viraram uma novela.  Sòmente após muitos anos, é que os pagamentos foram efetuados.  Se para Campo Grande esse parque foi extremamente benéfico, para as famílias de seus  proprietários originais foi um duro golpe.

VESPEIRO  Tirar emprego público (sem concurso) de comunista é como atirar pedra na caixa de maribondos. Foi o que aconteceu quando o Governo Federal resolveu acabar com o mando do pessoal do PC do B que há muitos anos mama naquelas gordas tetas da Ancine (Agência Nacional de Cinema) sob o argumento de que fomenta a cultura brasileira. Ora! São R$153 milhões anuais usados para contemplar militantes e aliados e ajudar entidades como a UNE (União Nacional dos Estudantes) e sindicatos alinhados à causa comunista. Assim o leitor não se deve deixar influenciar pelo noticiário da Globo e ‘Folha’ sobre o caso. Mais uma ‘boquinha’ que se fecha.  

A CULTURA é um baita negócio neste país; para quem tem o comando.  Verbas generosas e falta de controle nos gastos. Se nos anos 90 o Ministério da Cultura tinha apenas 2.796 cargos, hoje são 20 mil. Em outros países – com exceção da Bielorrússia, não há ministério exclusivo da Cultura. Na França por exemplo é o “Ministério da Cultura e Comunicação” e no Canadá chama-se “Ministério da Herança Canadense”, incluindo Cultura, Mídia, Artes e Esporte. Portanto, esses protestos de alguns ex-ministros, artistas e intelectuais contra a extinção deste Ministério são suspeitos. Eu diria – suspeitíssimas. Mas o choro é livre e o dinheiro é do povo que trabalha.  

HEROISMO As notícias mostram o exercício de contorcionismo dos governadores para pagarem salários, fornecedores e tocarem obras essenciais em seus Estados. Em relação ao Mato Grosso do Sul vale transcrever a declaração recente de Felipe Matos, Secretário de Fazenda: “...Existe uma preocupação muito grande com relação ao gás natural. A queda de ICMS é muito grande há algum tempo. No último mês, a queda girou em torno de R$50 milhões em relação ao mesmo período do ano passado. A importância do gás (para a economia) vem diminuindo do que se tinha anteriormente... Já representou 25% da arrecadação: hoje chega a 10%...”

A SAÍDA?  O Democratas é um partido atípico aqui no Estado. Com um excelente representação no Planalto – onde pontificam dois ministros – não conseguiu o mesmo desempenho nas bases eleitorais. E quando se discute sua inserção na sucessão de Campo Grande vem a pergunta: “quem seria o candidato?” Claro que o exercício da especulação faz parte do jogo político e há quem admita que a deputada federal Rose Modesto (PSDB) poderia aceitar o desafio já que a candidatura não prejudicaria seu mandato. Mas essa equação não é simples assim. Vários fatores precisam ser levados em conta, inclusive as pesquisas eleitorais. Mas ainda é cedo para essa discussão.

SACANDO A liberação do dinheiro do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) motiva discussões interessantes. O ex-ministro José Serra (PSDB) diz que haveria sacrifício da poupança e um investimento visando o consumo – mas que poderá prejudicar o trabalhador. Enfim, seria uma mera jogada populista. Mas para outros especialistas - se trata de uma atitude própria do  liberalismo, onde proporcionará ao trabalhador gastar o seu dinheiro da forma que entender melhor e assim não ficar refém das regras do Governo que dita como e quando gastar essa poupança forçada.

‘HACKERS’ Suas ações colocam em risco as conversas entre políticos, empresários e gente de influência em qualquer área de atividade. Podem proporcionar chantagens e o descobrimento antecipado de dados, informações de negócios e medidas de governantes inclusive.  Mas essas ações ocorrem simplesmente devido a vulnerabilidade das empresas operadoras. Terão que melhorar criando sistemas mais eficientes de proteção.   As ações dos ‘hackers’ Seriam um sistema moderno daquelas ações de espionagens que tínhamos na chamada ‘Guerra Fria’ ou nos filmes tipo James Bond. Preço do avanço tecnológico nas mãos inteligentes, independentemente de ideologia política.

‘SAYNORÁ’ Conta um amigo nissei porque seus ‘patrícios’ andam desaparecidos do cenário político de Campo Grande. Segundo ele, a primeira geração que já foi embora, teria sido – de alguma forma – manipulada pelos políticos profissionais que levaram vantagem eleitoral após conseguirem a inserção na comunidade japonesa. Era outra época. O pessoal da segunda geração iniciou o processo de esfriamento na relação com a política (decepcionante) e a última geração focou o lado profissional, estudando ou indo para o Japão. São simplesmente céticos quanto aos governantes. Nas 3 entidades da colônia na capital esse seria o cenário e pensamento em relação aos políticos.

‘RADICALISMO’: “...Tudo o que o atual contexto de exacerbação não precisa neste momento delicado da vida nacional é de heroísmos oportunistas ou de voluntarismo individualistas. O que o Brasil cobra de cada um de nós, como tributo patriótico pelas responsabilidades de liderança que exercemos, é austera e firma determinação para, no contexto de nossas instituições, incentivar o diálogo e o respeito às divergências, fundamentais para, pelo menos, atenuar o radicalismo ideológico que esgarça o tecido social...” (extraído do artigo “O Perigo do Radicalismo Ideológico”, do Conselheiro Iran Coelho das Neves – Presidente do TCE-MS)

“Não vou dizer que somos uma empresa inocente. Não existe empresa que sobreviva inocente”  (empresário Emilio Odebrecht)

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