COLUNA

Manoel Afonso

Decisivo nas eleições - candidato ou partido?

2 MAR 2018 - 09h:34 Por Manoel Afonso

QUEIJOS & RATOS  De Gaulle queixava-se da dificuldade de governar a França devido aos seus 300 tipos de queijos. Bobagem do presidente  se comparada  ao Brasil de poucos queijos e muitos ratos, de 27 Estados, 32 ministérios, 513 deputados federais, 81 senadores e 35 partidos políticos.  A França tem 14 partidos, Reino Unido 13, Chile 9. Rússia 4 e os ‘States’ só 2. 

ANIMADO - Chico Maia falou ontem em Brasília com o senador paranaense Álvaro Dias, ‘cap’ do PRO que deu-lhe total liberdade para negociar com o pré candidato Odilon de Oliveira, com quem conversará nesta sexta feira  (02). Feliz  com o rumo das articulações ele acredita que até terça feira próxima sairá ‘fumaça branca da chaminé’.

CHICO MAIA -  Após mais de 30 anos deixa o PTB, onde entrou com o ex-prefeito Lúdio Coelho e o ex-governador Pedrossian. Lembra: sempre teve lado, quer o seu partido PRO - coligado com o PDT do juiz Odilon para pregar o discurso da ética que a sociedade  brasileira tanto clama.

ANÁLISE  - Aos 60 anos de idade, Chico se diz preparado para o embate e até aqui tem se mantido distante das lideranças para evitar comentários desgastantes. Pensa que se o ex-presidente Lula não viabilizar sua candidatura, a tendência é que as alternativas  menos radicais ganhem espaço. 

MEMÓRIA -  O colunista buscou no pleito de 1990 ( Pedrossian  x  Gandi Jamil) onde Chico Maia teve excelente desempenho para a Câmara Federal, obtendo 19.899 votos e faltando-lhe apenas 3 mil votos para se eleger. Claro, outra época e cenário,  mas mostra a inserção dele no eleitorado.

CICLOS - Iguais no futebol e na política. O técnico Luxemburgo ganhou 5 títulos nacionais, o último pelo Santos em 2004. Desgastado e desempregado pelo estilo, não admite que esteja superado. O ex-governador Puccinelli (MDB), perdeu as eleições em 2012 na capital com Edson Giroto (PR); ao Governo do Estado em 2014 e em 2016 nem conseguiu lançar candidato a prefeito de Campo Grande. Luxemburgo e Puccinelli bem iguais e na mesma situação.

EVIDENTE  - que os dois personagens tem seus méritos pelos feitos em outros tempos. Luxemburgo acabou na China, seu time foi rebaixado e se deu mal no Sport de Recife. André perdeu aliados, companheiros e seu MDB enfraqueceu. Nas  eleições  de 2016 o MDB perdeu em Corumbá e Dourados, não conseguindo lançar candidatos em  Três Lagoas e na capital, onde só elegeu 2 vereadores. 

VIBRAÇÃO - Notei esse clima no evento que marcou a filiação do senador Pedro Chaves ao PRTB. Palco repleto de políticos  de vários partidos e um público que contagiou. O discurso marcante foi do governador Reinaldo  (PSDB) convidando o senador para acompanhá-lo nestas eleições. Muito interessante.

TEREZA NAIME   - Gosto dela. A mesma garra! Estava recepcionando os convidados do senador Pedro Chaves no evento de filiação ao PRB. Manifestou preocupação com o número de drogados e desamparados nas ruas da capital clamando por comida. Ela  continua com suas obras assistenciais junto a esse pessoal. Aleluia!

EX-VEREADORA- Tereza conhece toda Campo Grande como poucos. Lembra que até  o fim do mandato de Nelsinho Trad na prefeitura, a capital não tinha favelas e nem apresentava esse quadro social preocupante.  Ela admite a crise nacional, mas clama por  maior atenção dos governantes. É o recado de quem conhece.

NELSINHO -  O ex prefeito da capital  não perde um só evento político. Sua disposição pela vaga do senado alerta a concorrência. Na filiação de Pedro Chaves justificou sua presença: “sou amigo dele;  ele foi presidente da Santa Casa pelo meu convite.  Não podia faltar  com quem jamais deixou de  atender aos meus prantos”.

POLÊMICA   - José Sarney chegou ao Planalto no pleito de 1986 pela força do PMDB que elegeu todos os governadores. Mas em 1989  Fernando Collor (PRN)  com 30,47% dos votos venceu  pelo seu mérito pessoal.  Duas situações que vitaminam a velha discussão sobre as forças que decidem as eleições: candidato ou partido?

OS FENÔMENOS -  são raros, mas existem nas eleições de todos os níveis. Aproveitam a onda e injetam seus predicados.  Já o partido, quando bem estruturado e sem desgastes por demérito de integrantes seu, consegue vencer. Sem regra única: vai depender de circunstâncias próprias da política  -  em sintonia com o cérebro ou coração do eleitor.

A LIÇÃO - Em 1989, com mais de 350 congressistas MDB e PFL  tinham juntos 38 minutos no horário eleitoral: Ulysses Guimarães (MDB) 22 e Aureliano Chaves (PFL) 16 contra Collor com 10 minutos ‘caçando marajás’. Apesar de quase dois meses na telinha ‘o Senhor das Diretas’ obteve míseros 4% dos votos, 7º lugar entre os 22 candidatos. Já Aureliano foi pior: menos de 1%  dos votos, em 9º lugar. 

FRASES  de Leite Schimidt – dirigente do PDT: “ Jesus falava em pobreza e andava descalço.  O político fala em pobreza e anda em carro de luxo e avião. ” “O povo tá enojado da política e dos políticos. O cara faz um discurso e a pratica é outra.”  “O PDT vai de chapa pura para estadual e federal.” “Aliança se faz com partidos e não com candidatos.” “O André vai precisar de mais tempo no horário eleitoral, inclusive para explicar as pontes que estão caindo.”

PROPOSTA -   Schimidt diz que o PDT adotou no seu discurso  a linha imaginária de quem é Governo e quem é contra o Governo. Se o partido aceitar gente que veio do outro lado desta linha, ou se ele mesmo atravessá-la, seu discurso acaba. Para ele não pode haver mistura. Há que se ter posição clara, definida.

FRANCAMENTE...  O prefeito, governador e presidente vetam projetos aprovados pelas casas legislativas por dois motivos: pela eventual inconstitucionalidade das matérias ou por interesse próprio, conveniência daquele poder. Daí não entendo a celeuma que se repete na Assembleia Legislativa.

O VÍCIO - Talvez  seja dele - do corporativismo dos deputados – a culpa maior pela apresentação e aprovação de projetos às vezes inconstitucionais.  Isso sem contar os projetos reapresentados ainda dentro do prazo proibido. A Comissão de Constituição e Justiça tem o poder de veto, mas aos autores das matérias cabe um olhar mais atento.

A BATALHA  -  A exemplo do Senado, também será difícil a eleição para as 8 vagas da Câmara Federal. Só prestígio pessoal do postulante não será suficiente para garantir o mandato.  Apenas 4 dos postulantes teriam  hipoteticamente maiores chances, mas surpresas são possíveis.

LIMINARES - sem julgamento do mérito. Uma praga que infesta o judiciário em todas as instâncias. O ‘glorioso’  STF  dando maus exemplos com seus membros concedendo liminares e sentando por anos a fio em cima dos processos sem julgamento do mérito.  É preciso uma norma processual estabelecendo prazo limite para o julgador apreciar o mérito do pedido atendido. Tem liminar com mais de 5 anos sem julgamento.

“Servidor público quer trabalhar pouco, ganhar bem e aposentar cedo”. ( ministro Dias Tófoli – STF)

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