COLUNA

Manoel Afonso

Em 2017 os canalhas se deram bem

2 JAN 2018 - 13h:39 Por Manoel Afonso

NOSSO HULK Nomeado para solucionar entraves o ministro Carlo Marun (PMDB) da Secretaria de Governo passa a ser problema para o Planalto. Faltam-lhe habilidade e experiência nas costuras para estabelecer pontes com a classe política. O estilo gaucho ‘bateu levou’ é impróprio nesta fase delicada do Governo. Convém adotar a máxima dos políticos mineiros; “conversar sim, alterar jamais”. Brasília é outro universo - o buraco mais embaixo.

BARBARIDADE Indulto de Natal virou acerto político. Se antes o ex-deputado José Genoino foi indultado, agora só da Lava Jato seriam 37, entre eles o empresário José Carlos Bumlai e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Condenados por trafico de influência, corrupção estavam na lista vetada pela ministra Carmem Lúcia (STF) Enfim, no Brasil vale a pena ser canalha, pelo pouco tempo de cadeia, mordomias e outros benefícios como no caso do Pizolatto, ex-diretor do Banco do Brasil condenado por ‘ladroagem’ do nosso dinheiro.

COMPARANDO... Nos ‘States’ o ex-presidente da CBF José Maria Marin, com 82 anos de idade, será condenado a pena mínima de 10 anos de prisão em regime fechado, sem mordomias. Lá, não há diferença de critério na aplicação da pena entre o crime de sangue e o da corrupção. Mas aqui esquecem: o agente público que superfatura a obra em proveito próprio está matando pessoas por falta de atendimento médico adequado.  

TENDÊNCIA Na hipótese do candidato do PT ao Governo não chegar ao 2º turno, em quem os petistas votariam? Na Assembleia Legislativa um ex-deputado lembrava: são mais de 240 mil votos que decidiriam o pleito em 2018. O deputado federal Zeca do PT não pediria votos para Odilon, mas isso não alteraria a tendência pelo candidato.

A PROPÓSITO Os números (25,26%) da aceitação do ex-governador André Puccinelli (MDB) na pesquisa espontânea contra os 29,13% de rejeição na amostra da ‘Ranking Pesquisas’ repercutiu na cúpula do partido. Lideranças do MDB já defendem a tese de que o juiz Odilon deva ser convencido a disputar o Senado com chances de vencer. “Palavras ao vento” – segundo o experiente articulador do PDT Leite Schimidt.

MEMÓRIA No pleito de 2010 para o Senado, Delcídio do Amaral (ex-PT) obteve 826.848 votos (34,90º%) contra 544.933 votos de Waldemir Moka (PMDB) (23,00%), 512.119 votos de Murilo Zauith (PSB) (21.61%) e 485.490 votos de Dagoberto Nogueira (PDT) 20,49%. O cenário era outro, com André elegendo-se governador com Simone Tebet (PMDB) de vice.

O CENÁRIO é diferente de 2010. Mudou muito pela própria dinâmica da política; André e o seu partido desgastados por fatos óbvios, Delcídio cassado, o suplente Pedro Chaves (PSC) assumiu e vai muito bem, Murilo foi prefeito de Dourados e Dagoberto recuperou-se ao chegar à Câmara Federal. A tese de que o MDB deva se concentrar apenas na tentativa de reeleição de Moka mostra a preocupação e o reconhecimento da aridez do quadro.    

OPINIÃO Para um ex-deputado federal que preferiu o anonimato, essa eleição de 2018 tem ingredientes que lembram a derrota do candidato apoiado pelo ex-governador André no pleito de 2012, onde Alcides Bernal (PP) venceu com facilidade para prefeito da capital. O experiente político citou o desgaste natural dos políticos mandantes coadjuvado pela indignação reinante.

CONVENCEU?  O discurso do ex-governador André anunciando a candidatura em 2018, lembra aquele equívoco do ex-governador Pedrossian na TV, quando disse que “poderia muito bem estar cuidando de seus afazeres na fazenda”.  No caso, André disse que seu patrão era o povo de Mato Grosso do Sul, mas sem o entusiasmo que o anuncio exigia. Ele, a exemplo de Pedrossian, não pode ignorar o cenário real, sem fantasias.  

ESQUISITO Nas entrevistas de companheiros do MDB, eles defendem a candidatura de André, reportando-se a sua atuação, sem entrar no mérito das investigações que rondam várias obras, entre elas do Aquário do Pantanal e diversas rodovias com verbas federais. Ignorar a opinião pública numa época de tantas denúncias é perigoso, mesmo com Nossa Senhora do Perpétuo Socorro sendo a padroeira do Estado.  Seria exigir bênçãos demais da santa. Ela não daria conta.   

SEM MEDO Ao seu estilo o governador Reinaldo (PSDB) reportou-se ao bordão de que o político não deve escolher adversários, mas estrategicamente não deixou claro como será sua participação no pleito de 2018. Evidente que seriam várias as alternativas, entre elas a natural tentativa da reeleição ou o Senado numa aliança com outros partidos. Mas uma coisa é notória: ele está se mexendo.

UTOPIA? Instituto de pesquisa está coletando dados na capital e no interior para verificar a possibilidade de outra candidatura alternativa ao Governo.  A intenção seria verificar – de uma vez por todas – se o ex-prefeito Murilo Zauth teria potencial política para viabilizar o projeto.  Um amigo já adiantou: “O Murilo tá sossegado como aquele pescador no rio com o barco cheio de peixes na sombra da arvore”. 

SEMEANDO O Secretário Carlos A. de Assis foi o único personagem político de MS citado no recente especial ‘Trunfo Político’ do “Estadão’ mostrando os 50 perfis de maior influência nas redes sociais”. Antenado, ele investe nas redes digitais, ferramenta poderosa na campanha eleitoral de 2018. Pela sua atuação na Secretaria da Administração e pela postura articulada, é nome de peso.

INCÓGNITA No pleito de 2010 Luiz Henrique Mandetta se elegeu deputado federal pelo DEM com 78.333 votos, atrás de Vander Loubet (PT), Fabio Trad (PMDB) e Geraldo Resende (PMDB). Já na sua reeleição em 2014 chegou apenas aos 57.374 votos, perdendo, portanto 21.359 votos. Nas conversas dele sinto mais dúvidas do que certezas. Sonha até em tentar o Governo. Mas deve tentar permanecer na Câmara.

ELEIÇÕES presidenciais de 2010 no MS. José Serra (PSDB) 551.296 votos (42,35%), Dilma Rouseff (PT) 518.877 votos (39,86%), Marina Silva 219.812 votos (16,88%), Plínio Sampaio (PSOL) 9.158 votos (0,70%) e José Maria Eymael 805 votos (PSDC) 0,06%.   Pelos números da ‘Ranking Pesquisas’, hoje o deputado federal Jair Bolsonaro (Patriota) venceria o ex-presidente Lula (PT) aqui no Estado.

PONTO FINAL Parece que já nos acostumamos aos desafios que a vida nos impõe neste país onde o Governo mais atrapalha do que ajuda. Problemas? Quem não os tem? Escrever com responsabilidade sobre política não é fácil, exige sensibilidade e bom senso acima de tudo. Neste ano novo continuaremos aqui e na Televisão Record-MS como comentarista. Segue a vida. Feliz Ano Novo aos leitores. Grato.  

“Não há nada de novo no ano novo”. (Aldir Blanch) 

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