A estudante Clara Delgado e Cunha, de 16 anos, natural de Ponta Porã, foi selecionada para representar Mato Grosso do Sul no programa Jovens Embaixadores. Em sua 22ª edição o programa contempla alunos da rede pública do país.
Estudante do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), sempre estudou em escola pública, desde criança manifestou interesse na língua inglesa e com perfil autodidata começou a aprender por meio de vídeos. No cursinho de inglês, onde estuda desde os 13 anos, ficou sabendo pela professora a respeito do programa e como se inscrever.
Muito antes de sonhar representar o Estado, o projeto da sul-mato-grossense veio a partir de uma visita ao consultório da tia, que é fonoaudióloga com especialização em crianças autistas. Em uma conversa sobre o aprendizado dos pacientes com autismo, observou que o trabalho envolve repetição. Já que a criança possui dificuldade em desenvolver a fala ou até mesmo de se expressar.
“Então, quando fui criar o projeto busquei uma forma que ajudasse com a língua inglesa. Tendo em vista que muitos estudos comprovam que as crianças com autismo tem a maior facilidade de aprender, de se expressar em outras línguas do que na língua nativa”, disse Clara e continuou:
“Pode-se afirmar que ensinar uma segunda língua para uma criança com autismo ajuda ela a se desenvolver. Tanto no aspecto cognitivo e social”.
Por ter interesse na área de atuação e o sonho de cursar Medicina com enfoque na área de Neurologia, desenvolveu um projeto voltado para crianças autistas com o recorte específico para a língua inglesa.
“As pessoas com autismo pensam de forma visual e não através da linguagem. Então, ao desenvolver uma das primeiras partes do projeto tentei procurar formas que envolvessem totalmente a língua inglesa em todo processo, com palavras simples, por exemplo: alguns sentimentos, cores, frutas, comida. Porque geralmente os substantivos são palavras mais fáceis de aprender. Como pensam de forma visual, eles conseguem relacionar cada palavra com uma imagem”, explicou Clara.
O material ficou em formato de cartilhas, com as palavras em inglês, e imagens que estabeleçam a relação. O trabalho feito envolve a visualização da imagem com a verbalização para que a criança tente associar e repetir.
Jornada
Os estudantes seguem acompanhados pelo cônsul-geral dos EUA em São Paulo, David Hodge
Além de estudar no Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, trabalha no outro período como jovem aprendiz. A expectativa com relação ao programa é descrita por Clara como uma grande oportunidade.
“Eu não tinha conhecimento do programa e a professora ter mostrado para a gente me deixou muito feliz. Ao mesmo tempo, pensei que seria algo muito difícil, algo muito distante, mas fui passando as etapas e fiquei muito feliz quando me chamaram para entrevista, foi uma honra, é uma honra”, disse Clara.
Cronograma
O programa teve início no dia 16 de janeiro, em São Paulo, onde todos os candidatos passam por orientação da pré-partida, sendo que nesta sexta embarcam rumo ao Washington, D.C., onde participam das seguintes atividades:
- Oficinas sobre liderança e empreendedorismo;
- Projetos de impacto social;
- Reuniões com representantes do governo;
- Visitas a escolas da região e farão apresentações sobre o Brasil e seus Estados;
Após a experiência na Capital dos Estados Unidos, os estudantes seguem para os chamados estados-anfitriões. Clara ficará hospedada na casa de uma família voluntária em Kalamazoo no Michigan. Essa experiência é uma oportunidade ao estudante de vivenciar a cultura do dia a dia de uma família norte-americana.
A viagem aos EUA tem a duração de duas semanas, de 20 de janeiro a 4 de fevereiro. Todo custo é bancado pelo governo norte-americano, com apoio de parceiros dos setores públicos e privados.
Entenda
O objetivo é oferecer a oportunidade para alunos entre 15 a 18 anos, da rede pública de ensino do país, a oportunidade de intercâmbio para os Estados Unidos, onde terão experiências culturais e acadêmicas que irão acrescer em seus currículos.
Estão aptos a participar do programa Jovens Aprendizes, alunos que possuem excelente rendimento escolar, tenham fluência e inglês e demonstrem interesse com empreendedorismo e impacto social. São estudantes selecionados de várias partes do país. No caso de Clara, a disputa do processo de seleção incluiu outros 7 mil estudantes de diversas partes do país.
Para a embaixadora dos EUA no Brasil, Elizabeth Frawley Bagley, a experiência proporciona aos jovens oportunidades de desenvolvimento e crescimento. “Ao imergirem na cultura norte-americana e se conectarem com jovens, durante esse programa de intercâmbio, eles certamente se tornarão cidadãos globais mais capacitados a fazer contribuições positivas para resolver desafios mais urgentes”, disse a embaixadora.
Sobre o programa
O programa Jovens Embaixadores foi criado pela Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil em 2003 e conta com a apoio do Conselho Nacional de Secretários de Educação (CONSED), as Secretarias de Educação Estaduais e a Rede de Centros Binacionais Brasil-Estados Unidos. Além disso, o programa recebe apoio institucional da MSD, SMTour. Atualmente, o programa é implementado em todo o continente norte-americano e possui um programa reverso para jovens dos EUA representarem o seu país na América Latina. Desde o início, 798 jovens brasileiros já participaram do programa.
Correio do Estado