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Perucas feitas em presídio ajudam presas e mulheres com câncer em MS

31 MAR 2017 - 11h:23 Por Valdeir Simão e Youssef Nimer
Presas aprendem a fazer perucas para pacientes em tratamento do câncer Presas aprendem a fazer perucas para pacientes em tratamento do câncer - Foto: Reprodução/ TV Morena

Nova profissão para umas, auto-estima para outras e motivo de sorriso de todas elas. É assim que um projeto ajuda presas e mulheres com câncer em Campo Grande. No presídio feminino Irmã Irma Zorzi, uma das salas virou um salão de beleza. É neste local que as presas confeccionam perucas que são emprestadas para mulheres que perderam os cabelos.

A iniciativa é uma parceria entre a Rede Feminina de Combate ao Câncer e a Justiça. Pacientes em tratamento podem pedir as perucas para a Rede e podem usar pelo tempo que precisarem. As perucas são feitas pelas presas com bom comportamento. Além de aprenderam uma nova profissão, elas ganham remissão de pena a cada dia trabalhado.

Juliana é uma das presas que participa do projeto e conheceu as perucas dentro da cadeia. Ela tem foi a primeira a receber um exemplar porque tem problema de cabelo desde a infância, por isso, sabe da importância das perucas na auto-estima da mulher.

"Comecei a arrancar cabelo eu tinha 9 anos, até então comecei a usar boina e lenço, vim conhecer a peruca na cadeia", falou Juliana.

Ela está contando os dias para sair do regime fechado e terminar de cumprir a pena por tráfico de drogas no presídio semiaberto e já sonha com o futuro.

"Pretendo trabalhar na rua com o mesmo projeto, doando para as pessoas que têm câncer, e ao mesmo tempo trabalhando para amim mesma e me mantendo na rua assim, dessa forma, no caso, tendo um salão na rua", contou.

A africana Joyce também está descobrindo uma nova profissão e um novo sentido par aa vida. "Vou melhorar minha vida com aquilo que estou fazendo e me sinto importante porque vou ajudar outras mulheres [...] porque beleza de mulher começa na cabeça", falou.

Além das presas, voluntários como a Dirce também participam do projeto. Ela coordena a produção no presídio, é a única que está dos dois lados do projeto e compara a "prisão" das mulheres que lutam contra o câncer e das que buscam a liberdade de novo.

"Do lado de lá é a doença, do lado de cá é a falta da liberdade, então, eu sinto prazer em trazer alegria, tanto aqui, quanto no hospital", ressaltou.

Em um encontro emocionado, mulheres com câncer foram até o presídio agradecer pessoalmente as presas que fazem as perucas. Choros, abraços e gratidão marcaram o momento inesquecível para todas elas.

"Me emocionou, não consegui segurar, porque eu faço com amor para ajudar", disse Joyce.

"Acabei de realizar meu sonho porque o dia que ganhei minha peruca chorei muito, fiquei muito feliz, só eu sabia a alegria que estava sentindo de ver a volta da Juliana, que se maqueia, que passa batom, que está feliz, eu não tinha mais isso, eu não era mais alegre. Quando recebi minha peruca foi uma felicidade imensa e quando eu vi ela chegando eu vi que vale a pena o que a gente faz aqui", finalizou Juliana.

Fonte: G1

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