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Aliançados: Líderes denunciam pastor da 'cura gay' após demissões e cobrança de meta de dízimo em MS

'Seu problema é ser pastor de pobre': Denúncias expõem chefe de igreja que prometia que fiéis receberiam o triplo do que doassem

30 AGO 2024 - 16h:59 Por Redação/EC
Fachada Aliançados. Fachada Aliançados. - Foto: Ana Laura Menegat

Pastor que já foi alvo de investigação por vender “cura gay” em Campo Grande agora está na mira de mais um escândalo. Desta vez, líderes que já foram pastores da Comunidade Cristã Aliançados afirmam que o presidente da congregação, Denilson Fonseca, cometeria difamações para expulsar integrantes que ‘sabiam demais’ ou que ganhavam ‘mais visibilidade e fama’ do que deveriam.

As exposições com relação às atitudes do Pastor Denilson atravessam diversas esferas, incluindo cobrança de meta na arrecadação mensal do dízimo nas igrejas de Mato Grosso do Sul, que são pertencentes à rede Aliançados.

O chefe da comunidade era conhecido por constranger pastores que arrecadassem muito menos que outros, comparando-os e questionando-os em relação aos motivos por arrecadarem menos que determinados colaboradores. “Seu problema é ser pastor de pobre”, relataram ex-integrantes da Aliançados sobre as afirmações de Denilson, quando não atingiam o que classificam como ‘metas de arrecadação’ de dízimo.

Pastores desligados da Aliançados

Um dos alvos das difamações é o pastor Paulo Lemos que, dentre muitos outros casos, foi o primeiro a procurar um corpo jurídico e entrar na justiça, com denúncia na 3ª Vara Trabalhista de Mato Grosso do Sul, contra danos trabalhistas e morais. Paulo também foi o primeiro a recorrer às redes sociais para expor sua versão dos fatos, após ter sido desligado da Aliançados, sob acusações que, segundo ele, são enganosas.

Além dele, há outros ex-integrantes, os quais ainda preferem não ser identificados, que confirmam acusações que recaem sobre o pastor Denilson. Tais afirmações vão além dos relatos de difamação e desconstrução da credibilidade alheia, ou até mesmo da cobrança de metas de dízimos.

Não é recente que fiéis desconfiam de um suposto esquema de picaretagem, por meio do qual ocorreria desvio de recursos da Comunidade Cristã Aliançados. Nos últimos anos, a comunidade não perdeu apenas pastores que foram desligados, mas também seguidores que ficaram incomodados com o desenrolar dos fatos.

Conforme os relatos de ex-integrantes da Aliançados, os pastores tiveram seus salários rebaixados de R$ 4.800 para R$ 2.000,00, em dezembro de 2023, fazendo com que pastores abandonassem as comunidades, após alegarem passar por dificuldades financeiras com a redução.

Entre os pastores que saíram da Aliançados tem advogados, ex-concursados no serviço público estadual e municipal, empresários, dentre outros.

Chefe da Aliançados cobraria meta de arrecadação

Diante do incômodo, o responsável por um portal denominado como GDS News é um dos perfis que trouxeram à cena o que seria um esquema de desvio de dinheiro que ocorreria nos bastidores da igreja. Entre as denúncias mais recentes contra Denilson inclui-se o corte de salários de pastores de baixo escalão, que em alguns casos ganhariam salários de R$ 2 mil e, às vezes, trabalhariam de forma voluntária, segundo o portal.

Além disso, as acusações reafirmam que os pastores seriam compelidos a cumprir ‘meta de arrecadação’ de dízimo entre fiéis. “Votos de R$ 50 a R$ 1.000 reais são metas impostas aos seus pastores. Eles têm que arrancar esses valores dos fiéis, custe o que custar. Quando não fazem, são humilhados em suas reuniões pastorais, onde os pastores são chamados de ‘moleques’, ‘desobedientes’ e até de covardes”, diz a denúncia.

Diante de tais acontecimentos, a exemplo da redução de salários de pastores, parte dos fiéis passaram a se perguntar qual estaria sendo o destino do pagamento de seus dízimos. Afinal, a comunidade é famosa por ostentar luxo na Aliançados Arena, antigo prédio de eventos Diamond Hall, localizado nos altos da Avenida Mato Grosso, onde é realizada parte dos cultos.

Ainda conforme o “exposed”, a Aliançados tem entre seus fiéis personalidades da elite sul-mato-grossense, os quais seriam responsáveis pelo repasse mensal de valores exorbitantes. Conforme o documento, um único fiel seria responsável pelo depósito mensal de R$ 130 mil, enquanto outro repassaria R$ 50 mil mensais, integrando uma lista extensa de altas contribuições à comunidade.

Chefe da Aliançados pedia mais dinheiro para pagar dívidas

Em meio às condições de pastores mal pagos e passando necessidade, aliado à contradição da alta arrecadação mensal via dízimo, o pastor Denilson Fonseca não teria economizado esforços para angariar mais fundos, que seriam destinados ao pagamento de dívidas que envolvem principalmente aquisições de imóveis em nome da comunidade, segundo os pastores.

Recentemente, a aquisição de um terreno ao lado da Arena Aliançados, na Avenida Mato Grosso, o qual pertencia à empresa Tim S.A., foi motivo de briga na Justiça. Conforme as informações que constam em processo aberto, o terreno de 7,5 m² havia sido vendido por R$ 13,5 milhões.

Entretanto, a comunidade pediu devolução do terreno, sob justificativa de não conseguir arcar com o valor prometido. Na Justiça, a Tim alegou ter sido lesada por perder oportunidade de fazer outros negócios com a venda do terreno.

Em alguns apelos à comunidade, há relatos na denúncia sobre o pastor levantar recursos para tentar arcar com os custos da compra. Ocorre que, em meio a esse imbróglio, não fica claro onde foi parar o dinheiro arrecadado, bem como parte do dinheiro que deveria ter sigo pago para a empresa dona do imóvel.

Entre os apelos estavam incluídos também pedido de dinheiro para pagar a folha de funcionários, parcela do consórcio responsável por financiar a compra do terreno da Tim, entre outros.

“A pedição era tão forte que, vinha com os jargões de que quem tinha dinheiro na poupança deveria deixar na igreja. Deus daria três vezes mais e se tivesse dinheiro reservado para viagens, deveria deixar também, porque em 2024 Deus daria três vezes mais viagens para quem ajudasse a pagar o terreno do Tim”, afirma o material do GDS.

Entretanto, em meio à “miséria da igreja”, as afirmações são de que o pastor Denilson andaria de Range Rover, morando no Alphaville 1, em casa avaliada em R$ 4 milhões.

Caso da escola de “cura gay”

O nome de Denilson ganhou os holofotes de Campo Grande ainda em 2019, quando foi alvo de investigação do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, por vender um “curso de cura gay”. À época, o caso foi investigado como discriminação contra povos LGBTQI+.

O curso contava com uma colaboração na quantia de aproximadamente R$ 1 mil por participante. O curso denominado como “Escola de Cura” prometia a libertação da “doença” depois de três dias de acompanhamento. Por fim, a investigação foi arquivada.

Posicionamento do pastor Denilson Fonseca

Em nota enviada ao Jornal Midiamax após ser questionado sobre as denúncias do portal e do pastor desligado, Denilson Fonseca negou todas as acusações feitas contra ele no exercício de chefe da Comunidade Cristã Aliançados. 

Segue a nota na íntegra:

“1º NÃO existe nenhuma acusação de desvio de recursos da Comunidade Cristã Aliançados, envolvendo a pessoas de seu presidente Denilson Fonseca esse fato assim como outros não passa de fake News, com o objetivo de manchar a honra e conduta do Apóstolo Denilson Fonseca.

2º O Pastor Paulo Lemos, não foi expulso da Comunidade Cristã Aliançados, ele foi destituído dos cargos que exercia de forma voluntária, por má conduta, nos termos do Estatuto de Ética da instituição, sendo que após esta medida de afastamento dos cargos, este achou por bem sair desta igreja, jamais sendo expulso. Referidas afirmações de expulsão são meras ilações.

3º Quanto a propagação de fake News, infelizmente não podemos dizer quem é o autor, vez que existe um inquérito policial em trâmite para investigação de sua autoria, por tanto não podemos atribuir a qualquer pessoa tal prática até o presente momento.

4º Quanto às acusações do GDS News, podemos dizer que existe um processo em trâmite no Judiciário de Mato Grosso do Sul, onde busca apurar as fontes e esclarecimentos de todos os fatos imputados a Comunidade Cristã Aliançados, bem como a pessoa de seu presidente Denilson, e que tal processo corre em segredo de justiça, fato que nos limita a falar sobre este.

5º Sobre questões salariais de Pastores, começamos deixando claro que não temos Pastores contratados em nosso quadro de funcionários, e que todos os que servem neste ministério são de forma voluntária, e nos termos da Lei do Voluntariado. A fim de auxiliar o trabalho voluntário de pastoreio, alguns pastores recebem ajuda de custo para despesas realizadas no exercício deste ofício voluntário. Neste sentido, as ajudas de custos estão, necessariamente, atreladas a gastos comprovadamente realizados por este voluntário.

6º Quanto aos questionamentos de páginas da internet de como os recursos seriam aplicados, cumpre esclarecer que existe uma diretoria que determina a aplicação de recursos, além de ser informada e declarada à Receita Federal todas as entradas e saídas de recursos mensais; Quanto a fiéis, desde que sejam integrantes deste ministério, todos tem livre acesso aos relatórios, tanto de receitas, quanto de despesas, não havendo o que declarar sobre tal assunto.

7° Quanto às alegações de dificuldades financeiras, a igreja, acompanha o cenário nacional, passando por todas as crises e dificuldades que atingem a todos os Brasileiros, porém fazemos uma gestão financeira rigorosa, para que todas as nossas despesas continuem equacionadas e possamos manter nossas despesas rigorosamente em dia, assim como esta nos dias atuais.

8° Ainda quanto ao valor de doação de fiéis, através de dízimos e ofertas, caso não seja uma oferta anônima, todas são devidamente declaradas conforme acima descrito. Assim, não há que se falar em recebimentos mensais por parte de fiéis, a não ser os tributos que este voluntariamente doa para cumprimento de princípios bíblicos. Sendo estes os esclarecimentos que temos a fazer sobre os assuntos, nos colocamos à disposição para quaisquer outros esclarecimentos que julgarem necessários”.

Midiamax/ Valesca Consolaro

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