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Irã vai às urnas em eleição presidencial decisiva para retomada de laços com o Ocidente

19 MAI 2017 - 13h:33 Por Valdeir Simão e Youssef Nimer
Líder supremo iraniano, Ali Khamenei, está acima das maiores decisões políticas do país Líder supremo iraniano, Ali Khamenei, está acima das maiores decisões políticas do país - (Foto: Reuters)

O Irã vai às urnas nesta sexta-feira (18) para escolher o próximo presidente do país. A disputa se divide entre o atual presidente, o moderado Hassan Rouhani, e o conservador Ebrahim Raisi. Assim como aconteceu recentemente nos EUA e em alguns países da Europa, a eleição está polarizada e deve ditar se o Irã continuará se abrindo à globalização, como vem fazendo lentamente, ou se voltará a ter um governo nacionalista, retrocedendo algumas reformas e políticas importantes para a diplomacia iraniana.

Apesar de o processo eleitoral no país remontar ao de uma democracia, o líder supremo iraniano, Ali Khamenei, está acima das maiores decisões políticas do país, mantendo controle dos poderes legislativo e judiciário. Cabe a ele aprovar ou não o resultado das eleições, assim como fazer decisões diplomáticas, controlar o exército iraniano e a agenda de assuntos domésticos.

“Na prática, diria que o papel do presidente é simbólico. Ele cuida de questões internas, mas nada é feito sem a intervenção do líder supremo”, explica Heni Ozi Cukier, professor de relações internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

De acordo com ele, o processo eleitoral é um mecanismo utilizado pelo governo “como uma fachada democrática ao mundo e à população”. “Eles dizem que o regime obedecerá às vontades do povo como uma forma de dar um caráter popular ao processo”, disse.

Já para James Devine, professor de ciências políticas da Universidade de McGill, no Canadá, o processo eleitoral é importante porque o presidente eleito se torna a “face” do governo e, dessa forma, pode influenciar, mesmo que de forma indireta, na política externa do país. “A imagem do presidente pode alterar a maneira como outros países enxergam o Irã. Se o presidente adota uma retórica violenta, isso pode causar um desconforto com o Ocidente, por exemplo”, disse.

Quem são os principais candidatos?

Aos 68 anos, Hassan Rouhani é o atual presidente do Irã. Considerado um reformista moderado, a principal marca de seu governo é o pacto nuclear com potências mundiais e a retomada de diálogo com o Ocidente. Rouhani também é conhecido por ser parte do clero iraniano e por servir como conselheiro ao líder supremo do país.

“Muitos deram grande importância quando Roherni ganhou, mas ele não fez mudanças significativas no Irã, como havia uma expectativa. Ele não transformou o histórico de direitos humanos ou aspectos repressivos do governo”, destaca Cukier.

Na outra ponta, o conservador Ebrahim Raisi, 56, tem planos radicais caso chegue à presidência. “Ele adota um tom muito mais agressivo ao Ocidente, o que pode colocar em risco futuros acordos globais”, analisa Devine. Raisi também faz parte da elite do país e tem grande influência no governo. No último ano, rumores de que ele seria o sucessor de Khamenei circularam no cenário político iraniano.

Além disso, Raisi é acusado de ter envolvimento em um massacre de opositores em 1988, quando era membro do poder judiciário do país. Ambos os candidatos são muçulmanos xiitas e acreditam nos princípios de uma república islâmica.

Uma pesquisa realizada nesta semana projeta vitória de Hassan com 42% dos votos, enquanto Raisi ficaria em segundo lugar, com 27%.

Candidatos ‘selecionados’

De acordo com o governo do Irã, "quase todos cidadãos do país podem se tornar um candidato na corrida eleitoral". Para isso, é necessário realizar o pedido ao ministro do interior iraniano, Abdolreza Rahmani Fazli, e ser leal aos princípios islâmicos. Um conselho composto por seis juristas, incluindo Khamenei, é responsável por aprovar ou vetar as candidaturas, o que é visto como uma forma de o líder supremo manter o poder.

Segundo o jornal britânico “The Guardian”, cerca de 1.600 pessoas se inscreveram no processo eleitoral deste ano, mas apenas cinco foram aceitas. Entre esses, 100 mulheres participaram, mas nenhuma foi aprovada.

Fonte: G1

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