Duas crianças de 4 e 8 anos foram resgatadas na manhã desta sexta-feira (29) de um apartamento no bairro Jardim Canguru, em Campo Grande.
Os meninos eram mantidos presos dentro do quarto pelos pais e muitas vezes comeram ração de cachorro, já que não estariam sendo alimentados. O caso foi registrado como abandono de incapaz e maus-tratos na DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente).
Equipe da GCM (Guarda Civil Metropolitana) foi acionada por uma vizinha e ao chegar no residencial, conseguiu ouvir os dois meninos gritando para serem tiradas do quarto porque queriam ir ao banheiro. Os guardas então foram até a porta do apartamento e foram recebidos pela mãe das vítimas.
Ao ser questionada sobre as crianças estarem no quarto gritando, a mulher de 29 anos afirmou que a porta do dormitório estava apenas encostada por precaução. Os guardas então entraram no apartamento e encontraram o pai dos meninos, homem de 36 anos.
Segundo a equipe, o apartamento estava totalmente insalubre com sujeira por toda a parte, roupas jogadas pelo chão, cheiro de urina de animais, panelas sujas e abertas e sacos de lixos amontoados na cozinha. Aos guardas, a vizinha afirmou que as crianças ficavam presas todos os dias durante a noite e só eram liberadas quando os pais acordavam.
A mulher de 57 anos ainda relatou que um vizinho era quem alimentava as crianças. De acordo com o relato da vizinha, os meninos começaram a gritar por volta das 5h40 e os pais costumavam acordar sempre muito tarde. O Conselho Tutelar foi acionado e todos os envolvidos levados para a DEPCA.
Na delegacia, as crianças foram ouvidas e contaram que a mãe sai à noite para reunião religiosa e só volta no outro dia, por isso elas ficavam trancadas dentro do quarto. Os meninos disseram ainda que às vezes comiam pão e ração de cachorro, pois só conseguiam se alimentar quando o pai abria a porta do local.
Os pais dos meninos foram presos em flagrante e as crianças ficaram sob responsabilidade do Conselho Tutelar, caso nenhum familiar seja localizado, elas devem ser levadas para abrigo. O caso é investigado.
Ana Paula Chuva/campograndenews