O Brasil vive hoje uma realidade política na qual poucos homens e mulheres públicos se adaptam com conforto. Não há mais espaço para ações que não desemboquem em ganhos para a sociedade, não há mais espaço para projetos que não saem do papel ou que não apontem para a possibilidade de um futuro de desenvolvimento.
Talvez por isso, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB) tenha finalizado seus primeiros três meses de governo com uma aprovação recorde. Da mesma forma, é possível que esta mesma ânsia por uma administração desenvolvimentista e que garanta equilíbrio econômico tenha alçado o governador Reinaldo Azambuja (MS) a índices similares de aprovação.
Ambos surgem em pesquisas recentes com mais de 70% de aprovação em um cenário no qual a maioria dos governadores ostenta uma avaliação negativa por parte da população. Em fins de 2016, o Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística (Ibope) mostrava que entre os 26 governadores, 16 apresentavam avaliação negativa em suas capitais. Segundo a pesquisa, a perda de prestígio popular estaria relacionada especialmente às crises política e econômica e deficiências da saúde e na educação.
Fugindo desta dinâmica, Doria e Azambuja despontam no cenário nacional com média de 40% de avaliação ótima e boa e 30% de avaliação regular. O prefeito de São Paulo foi avaliado pelo Instituto Paraná de Pesquisas com 43% de avaliação ótima ou boa e 33% de avaliação regular: 76% de aprovação. O governador de Mato Grosso do Sul, por sua vez, surge com 70.97% de aprovação em recente pesquisa do Ipems: 37,31% de avaliação ótima e boa e 33,65% de avaliação regular. Em Campo Grande, maior colégio eleitoral do Estado, 71,73% da população aprova a administração do governador, segundo a pesquisa.
Não é a primeira vez que Azambuja aparece bem nas avaliações. Em setembro passado, levantamento do Ibope posicionou-o como o segundo governador melhor avaliado do Brasil. Comparado com os outros gestores estaduais, Reinaldo emplacou mais que o dobro de aprovação, ficando atrás apenas do governador da Paraíba, Ricardo Coutinho.
Se Doria e Azambuja se aproximam na aprovação da população, diferem em alguns aspectos de estilo. O primeiro emprega uma agenda extensa que inclui reuniões das 7h às 22h em seu gabinete, além de atividades midiáticas de zeladoria e presença maciça nas redes sociais. O segundo também aposta em uma rotina exaustiva no quesito administrativo, mas é mais recatado nas ações de marketing pessoal.
O fato é que tal popularidade torna Doria um potencial candidato a presidente ou governador nas eleições de 2018. Da mesma forma, em Mato Grosso do Sul, Azambuja pavimenta passo a passo seu caminho rumo as eleições que se aproximam.
E este cenário não se dá sem motivos consistentes: em 2016, 14 estados brasileiros ameaçaram decretar calamidade, três o fizeram (Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais) - hoje, dos 27 Estados da Federação, 20 estão inadimplentes, alguns com folha atrasada, a maioria sem certidões negativas. Mato Grosso do Sul escapou desta armadilha com ações austeras como uma reforma administrativa que o colocou – ao lado de Goiás – como o Estado com a mais enxuta máquina administrativa; uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita os gastos públicos pelos próximos dez anos e uma reestruturação da previdência social. Nenhuma destas ações foi de fácil digestão popular, mas, como diz o próprio governador, “é melhor manter o Estado economicamente equilibrado do que apostar em ações de caráter populista”. Parece estar funcionando.
Fonte: Semana On