Saúde

Pesquisadores desenvolvem 'vacina inteligente' e abrangente contra a pneumonia

Resultados foram publicados nesta sexta-feira (20) na 'Science Advances'. Segundo cientistas, trata-se da vacina mais abrangente contra bactéria causadora já produzida.

23 OUT 2017 - 08h:23 Por Youssef Nimer
Imagem de microscopia eletrônica mostra bactéria multiresistente da pneumonia interagindo com uma célula de defesa humana Imagem de microscopia eletrônica mostra bactéria multiresistente da pneumonia interagindo com uma célula de defesa humana - Foto: Instituto Nacional de Alergia e Doenças

Uma nova vacina em desenvolvimento contra a pneumonia pode ser o mais duro golpe contra a doença, segundo estudo publicado nesta sexta-feira (20) na "Science Advances". De acordo com os pesquisadores, trata-se da mais abrangente cobertura contra a doença até hoje. O imunizante inclui cepas adicionais da bactéria causadora e até antecipa versões futuras.

A vacina testada deflagrou resposta imunológica contra 72 formas da bactéria penumoniae em testes realizados em ratos e coelhos. Ainda, a vacina é inteligente e foi desenhada de modo a ter duas vantagens: produz uma boa resposta imune e só mata bactérias prestes a atacar.

Programas de melhor nutrição e melhor acesso a antibióticos já tiveram impacto na diminuição no número de casos de pneumonia no mundo -- segundo dados da Organização Mundial da Saúde, a pneumonia matou mais de 2 milhões de crianças em todo o mundo em 2004; e, em 2015, o número foi inferior a 1 milhão. No entanto, acreditam os autores, para se ter mais avanços, são necessários imunizantes mais eficientes.

"Nós fizemos um tremendo progresso na luta contra a disseminação da pneumonia. Mas, para nos livrarmos da doença, precisamos criar vacinas mais inteligentes e econômicas", diz Blaine Pfeifer, professor na SUNY at Buffalo (State University of New York em Buffalo, Estados Unidos), e co-autor do estudo, em nota.

O estudo teve como primeiro autor Charles H. Jones, da University at Buffalo. Outros nove cientistas assinam o trabalho. Todos eles estão alifiados a universidades norte-americanas.

Como funciona a nova vacina

Há três vacinas principais hoje no mercado contra a pneumonia: a Prevnar, a Synflorix e a Pneumovax 23. As duas primeiras utilizam uma ligação química covalente que, apesar de apresentar altas taxas de resposta, matam todas as bactérias-alvo. Já a terceira, não tem a mesma ligação química, mas tem menor resposta imune.

O que os cientistas fizeram foi "envelopar" açúcares capazes de identificar a bactéria a um tipo de engenharia que prescinde da ligação covalente. O essencial para a tecnologia foi um uso de um "lipossoma" -- um tipo de bolsa feita de gordura que serve como um reservatório para esses açúcares.

Nos resultados, os pesquisadores identificaram que a vacina é capaz de deflagrar uma forte resposta imunolológica comparável ao Prevnar -- e, além disso, seu design permite com que seu efeito seja mais seletivo: não há uma 'varredura' de todas os patógenos indiscriminadamente.

Vacina mais inteligente

Além da maior cobertura, a diferença da vacina desenvolvida pelos pesquisadores das atuais é que ela faz com que o sistema imune só "ataque" a bactéria quando ela sai da colônia que está e provoca uma doença.

Isso é fundamental por dois motivos: 1) algumas bactérias são benéficas para o organismo e são importantes para manter a boa saúde; 2) a morte indiscriminada de bactérias pode contribuir para o fenômeno da resistência bacteriana -- quando esses patógenos não mais respondem aos medicamentos existentes.

Fonte: Bem Estar

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