Criança internada no setor de queimados na Santa Casa de Campo Grande. Foto: Santa Casa
Com a chegada das férias escolares e a presença das crianças em casa, aumenta-se o risco de acidentes domésticos envolvendo os pequenos, principalmente, casos de queimaduras. Segundo a Sociedade Brasileira de Queimaduras, sete em cada dez registros acontecem nos lares e a faixa etária mais atingida é a de 1 a 4 anos, em razão da curiosidade, da agilidade e da pouca noção de perigo.
Dados do DATASUS, compilados pela ONA (Organização Nacional de Acreditação), mostram que 3.613 crianças de 1 a 4 anos foram internadas por queimaduras no Brasil entre janeiro e setembro de 2025. O Nordeste lidera os registros, com 1.109 casos, seguido pelo Sudeste (938), Sul (777), Centro-Oeste (527) e Norte (262).
No mesmo período, Mato Grosso do Sul contabilizou 57 internações de crianças nessa faixa etária, ocupando a 18ª posição no ranking nacional.
Cozinha - A maior parte das queimaduras, conforme o levantamento, ocorre por contato com líquidos quentes. Situações comuns, como cabos de panela virados para fora, xícaras quentes na mesa ou panelas recém-retiradas do fogo, são suficientes para provocar acidentes.
De acordo com a pediatra e membro da ONA, Mariana F. Falavina Grigoletto, os atendimentos seguem um padrão. "A criança puxa o cabo, tropeça no pano da mesa, esbarra no copo, mexe na cafeteira e tenta alcançar recipientes aquecidos. Todo cuidado é pouco com os pequenos", afirma.
Já as queimaduras por chama ou líquidos inflamáveis são menos frequentes, mas costumam ser mais graves. Entre as queimaduras químicas, a ingestão de soda cáustica é a principal causa em crianças. Pilhas e baterias também representam risco devido ao conteúdo corrosivo, segundo a pediatra.
Choques elétricos - Choques elétricos aparecem entre os acidentes mais comuns na infância, geralmente provocados por tomadas sem proteção, fios desencapados e extensões improvisadas.
Sol - No verão, a exposição solar excessiva é outro fator de risco. Vermelhidão, dor e calor local são sinais de queimadura solar, mais frequentes entre 10h e 16h, período de maior radiação.
Primeiros socorros - Em caso de queimadura, a orientação é não usar gelo, clara de ovo, manteiga, pasta de dente, pomadas, óleo de cozinha ou receitas caseiras, pois esses produtos agravam a lesão e aumentam o risco de infecção.
A recomendação é resfriar a área com água corrente fria, nunca gelada, por 10 a 20 minutos. Antes do inchaço, devem ser retirados anéis, pulseiras e acessórios. Roupas grudadas na pele não devem ser removidas; se necessário, apenas a parte solta deve ser cortada. Em caso de bolhas, a orientação é não estourá-las.
É importante procurar atendimento de urgência se houver:
- Bolhas
- Febre, dor intensa ou pus
- Aumento de vermelhidão
- Queimaduras em rosto, mãos, pés e genitais
- Náuseas, sonolência ou desmaio.
Como prevenir:
- Evite segurar a criança no colo enquanto cozinha ou manuseie líquidos quentes.
- Mantenha fósforos, isqueiros e álcool fora do alcance das crianças.
- Vire os cabos das panelas para dentro.
- Priorize as bocas de trás do fogão.
- Evite que as crianças se aproximem de forno e fogão assim como ferro de passar roupa e chapinhas.
- Nunca deixe objetos ou líquidos quentes nas bordas das mesas
- Evite toalhas compridas que facilitem os puxões.
- Atenção ao micro-ondas: o aquecimento é irregular e pode gerar queimadura na boca.
- Guarde os produtos químicos em locais altos e trancados.
- Tampe tomadas e redobre a atenção com fios soltos e desencapados.
- Descarte pilhas e baterias adequadamente.
- Teste sempre a temperatura da água do banho, antes de colocar a criança.
- Aplique protetor solar, reaplicando a cada duas horas, após mergulho ou suor excessivo.
- Evite exposição solar entre 10h e 16h. Use roupa leve, chapéu, óculos e acessórios de proteção.
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