O transplante de órgãos é o último recurso disponível para restaurar a saúde de alguém. Esta semana, a notícia de que o apresentador Faustão precisa receber um novo coração fez o assunto voltar às conversas.
Há três pessoas em Mato Grosso do Sul esperando pelo mesmo órgão até esta terça-feira (22). Eles estão inclusos em fila única do Brasil, entre outros 386 pacientes cardíacos. Os números constam no Sistema Nacional de Transplantes, ao qual a CET (Central Estadual de Transplantes de Mato Grosso do Sul) tem acesso em tempo real, acompanhando cada pedido de doação que entra e cada doação que chega, em todos os lugares do país.
A prioridade é para quem tem o quadro mais grave. Fora esse critério, estão todos em pé de igualdade na lista de espera. "Não tem distinção se vai fazer o transplante na rede pública ou privada, nem qual a cor ou classe social da pessoa, por exemplo", descreve Claire Miozzo, que coordenada a CET há 20 anos.
Surgindo um coração disponível e compatível para transplantar – o que tem sido o mais difícil diante do baixo número de doações – restará ainda avaliar diversos fatores: se o tipo sanguíneo do doador é o mesmo, se as medidas estão de acordo com a idade e porte físico de quem vai receber, entre outras exigências que a medicina impõe para o sucesso da cirurgia.
Atualmente, Mato Grosso do Sul não tem equipe para transplantar coração, segundo Claire. Os três pacientes que estão na expectativa de receber um, provavelmente, terão que fazer a cirurgia em outro Estado quando o órgão compatível aparecer. Pode ser que seja Brasília, o mais próximo que o realiza.
Único jeito de ser doador - A doação de coração só é possível quando há morte encefálica do doador. Isso acontecendo, é indispensável haver autorização da família do morto.
Por mais que existam formulários, cadastros e outros recursos disponíveis na internet para que a pessoa registre em vida o interesse de ser um doador, somente a família pode autorizar a doação.
Mesmo que não concordem com a doação por alguma razão, felizmente há familiares que fazem valer a vontade da pessoa que partiu. "Por isso, avisar, conversar e explicar os motivos de querer ser um doador à família é o único jeito de isso se concretizar", explica a coordenadora da CET.
Os hospitais credenciados para a captação de órgãos se empenham, com equipes especializadas, em acolher o luto de quem sente a perda e, ao mesmo tempo, sensibilizar para a importância da doação, que manterá viva, de certa forma, a pessoa querida. "Se não houver o 'sim', não tem processo de doação", diz Claire.
Cassia Modena/campograndenews