Tenho dificuldade com a data de hoje por achar que não temos nada para comemorar e vou explicar começando pelos números divulgados ontem, na véspera do dia 08 de março.
Em 2023 foram 1.463 mulheres mortas no Brasil.
São 1.463 filhos que perderam suas mães.
São 1.463 mães, avós que enterram suas filhas e netas.
Mulheres mortas simplesmente pelo seu gênero.
Partindo desse princípio eu me recuso a celebrar a data que para uns é rodeada por romantismo e o comércio que foi criado para ela, mas para mim é uma data rodeada por perguntas que ficam a cada ano sem resposta e por uma indignação pelos números só aumentarem a cada ano.
Continuo fazendo a mesma fala que muitos não estão prontos para ouvir: “As políticas públicas em defesa da mulher são fracas, se eficaz fosse os números seriam diferentes".
Hoje não é um dia para romantizar a data, é uma data de indignação e luta.
Mato Grosso do Sul em 2023 contabilizou 32 feminicídios, é o quarto Estado que mais mata mulheres no Brasil.
A impressão que tenho é de uma luta que jamais terá fim, todos os dias na rua, no seu local de trabalho, em lugares públicos as mulheres precisam se livrar de algum tipo de assédio e importunação.
É desgastante e frustrante ver tanta morosidade em muitos casos.
É revoltante, doloroso demais continuar vendo o agressor, assediador e assassino continuar dizendo que fez por amor.
Eu hoje desejo para todas as mulheres, força para continuar resistindo e esperança de dias melhores.
Glenda Melo
Jornalista