Campo Grande MS

"El Patron": alvos da PF guardavam arma de edição especial banhada a ouro

6 JUL 2021 - 08h:39 Por Redação/EC
Armas apreendias pela Polícia Federal. Uma delas banhada a ouro Armas apreendias pela Polícia Federal. Uma delas banhada a ouro - Foto: Divulgação PF

Alvos da Operação Eventus, realizada pela Polícia Federal em Campo Grande no último sábado (3), guardavam duas pistolas em casa, uma delas banhada a ouro, uma edição especial com a frase “El Patron” gravada. Dayvidson Julio Lourival de Souza Oliveira e Adriano Jesus do Nascimento foram presos em flagrante na ação que investiga o uso de imóveis para lavar dinheiro de fação criminosa com atuação no Rio de Janeiro na Capital.

Quatro mandados de busca e apreensão, expedidos pela 6ª Vara Criminal da Comarca de Campo Grande, foram cumpridos no sábado. As equipes visitaram o Jardim Aero Rancho, o Bairro Parque Novo Século, a Chácara dos Poderes e o Jardim Centro Oeste. Dois dos endereços eram casas de festa que pertencem a mesma empresa: R.F Eventos.

Dayvisdson e Adriano estava em uma casa da Rua Audax Camargo Cesar, no Aero Rancho. O primeiro suspeito, morador da residência, é alvo da PF desde 2017 quando foi preso em flagrante com armas durante Operação Cerberus. Ele estava no entre os investigados que planejavam resgatar Thiago Vinicius Vieira da cadeia.

Assim que foi abordado pela polícia, Dayvisdson apresentou documento falso, mas logo foi descoberto. Ele estava foragido da justiça desde agosto de 2019 e por isso foi preso antes mesma das armas serem encontradas. Ele soma condenação de nove anos e dez meses em dois processos – por envolvimento com a organização criminosa investigada em 2017 e por uso de documento falso.

No quarto dele os policiais encontraram pistola Glock calibre 40 e três carregadores. A arma banhada a outro estava na suíte de Adriano. Além da frase “El Patron”, a pistola calibre 45 ainda trazia os dizerem “edição especial” gravados.

Adriano é carioca, se apresentou como motorista de aplicativo e não tinha passagens pela polícia. Na garagem da casa, os policiais apreenderam um Jeep Renegade, que assim como o preso, era do Rio de Janeiro. O veículo foi alugado em nome de outra pessoa e trazido ao Mato Grosso do Sul antes que o pagamento fosse feito. Por isso acabou apreendido.

As ações que levaram os policiais federais a casa de Dayvisdson investigam a construção de empresas e móveis em Campo Grande para ocultar dinheiro adquirido com atos ilegais de facção criminosa do Rio de Janeiro, o Comando Vermelho.

Pelo menos dois dos endereços visitados eram casas de festa da empresa R.F Eventos, nome fantasia da R.F Eventos Eireli. O Campo Grande News apurou que a empresa existe desde setembro do ano passado e em poucos meses construiu os prédios na Rua Ester Ana da Rocha, no Novo Século e na Rua Marajoara, Jardim Centro Oeste.

Conforme verificado pela reportagem, a empresa de eventos é registrada no nome de uma mulher e está ligada a empresa de contabilidade da Capital. Nesta manhã, os dois suspeitos tiveram prisão preventiva decretada em audiência de custódia.

Novo Século – Vizinhos do endereço relataram que há menos de 6 meses, caminhão carregado com maconha foi apreendido no mesmo local onde hoje se encontra a casa de festa, na época, no entanto, era apenas um terreno desocupado.

Logo em seguida, em cerca de 4 meses, muros foram erguidos e surgiu a casa de festas. Logo que a construção ficou pronta, uma única vez, houve festa no local, também de acordo com moradores das proximidades. Quem entrou no prédio descreveu uma casa nova, com uma piscina no centro e a aparência de “nunca ter sido usada”.

Na Marajoara a construção segue o mesmo padrão. As cores escuras na parede também são as mesmas. A diferença está no portão, mais “clássico”. O quarto endereço visitado foi uma propriedade da Estrada Nilson Sete, na Chácara dos Poderes, em Campo Grande.

Renda – Em depoimento Dayvisdson afirma que trabalha há 2 anos com serviços gerais e possui uma rende mensal de R$ 2,5 mil. A renda coloca em xeque o padrão de vida do suspeito.

A casa no Aero Rancho, construção nova, segundo ele, é alugada e custa por mês R$ 1,5 mil. Dayvisdson ainda cria na casa seis cachorros da raça American Bully, dois adultos que possuem registro genealógico e quatro filhotes. Cada animal, conforme apurado pela reportagem, custa mais de R$ 2,5 mil.

Operação Cerberus – Em 2017 Dayvisdson foi preso em uma casa do Jardim Itamaracá com Dário Aparecido Cunha de Almeida Júnior e Matheus da Silva Alves. Depois de arrombar o portão de ferro e a porta do local, os policiais apreenderam cinco pistolas e duas espingardas calibre 12, além de carregadores, munições e coletes balísticos.

O suspeito tentou fugir da abordagem pulando muros, mas acabaram capturados. Ao ser preso, ele confessou que sabia das armas da casa e chegou a “ficar bravo” com os comparsas por causa da situação.

Desta vez, os federais chegaram a tirar o painel de madeira da televisão e quebrar a parede com uma mareta atrás de mais armamento, mas nada foi encontrado. 

Campo Grande News - Geyse Garnes

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