Gêmeas siamesas, Ariely e Alany nasceram prematuras, com 2,7 kg, após 7 meses na barriga da mamãe, a balconista Luciana Sentene. Apesar de parecerem bastante fortes para a condição em que se encontravam, as meninas não resistiram por muito tempo fora do útero. Cerca de duas após o nascimento, elas partiram, assim como chegaram, unidas pelo mesmo coração.
Luciana descobriu a gravidez ao fazer exames de rotina por estar tratando um cisto no ovário. A maior surpresa veio ao começar o pré-natal e ver que a gestação era de gêmeas siamesas ligadas pelo tronco.
Moradora de Rio Verde, a 203 quilômetros de Campo Grande (MS), a balconista não economizou esforços para levar a gravidez até o fim. Estava no Hospital das Clínicas, em São Paulo (SP), e foi encaminhada para equipe médica do HU (Hospital Universitário) Maria Aparecida Pedrossian, na Capital.
Apesar de já estar preparada para o pior, tinha a esperança que as meninas sobrevivessem mais tempo e até que pudessem ser submetidas a uma cirurgia para a separação. “Os médicos tinham me alertado. Então, a gente já tinha se preparado. Mas, não era o que a gente queria. Infelizmente, não teve muito o que fazer e seria impossível fazer a separação delas”, explica a mãe.
Acreditei muito que Deus faz milagres, mas que tudo é feito pela vontade dele. Deus determinou o tempo delas, Ariely e Alany", completou Luciana Sentene.
A balconista narra ainda que foi submetida a uma cirurgia complicada, no dia 15 de fevereiro. Por causa do tamanho das meninas, não era mais possível levar a gravidez adiante. “Fizeram um corte vertical no útero. A minha recuperação é bem lenta, porque ainda posso sofrer hemorragia”, conta Luciana, 10 dias após o parto. Ela tem mais 110 dias de repouso pela frente.
O pós-cirúrgico levou 3 dias e só depois, ela voltou a Rio Verde para sepultar as filhas. Para a mãe, o resguardo é o de menos. Os dias ainda andam confusos. “Tem hora que a gente acorda, pensa que não aconteceu”.
Difícil também foi fazer a irmãzinha, de 6 anos, entender que não terá as duas pequeninhas em casa para cuidar e brincar. “A gente vai trabalhando o psicológico com Deus. O meu outro rapaz, de 14 anos, até que entendeu melhor a situação”.
Luciana pede para encerrar a entrevista agradecendo à assistência que recebeu no HU, que a manteve viva, durante a cirurgia complicada, e está cuidando de sua recuperação. Ela também é grata aos moradores de Rio Verde que se comoveram com a história e a ajudaram financeiramente. “Fizeram um almoço beneficente para me ajudar, porque a nossa condição financeira não é das melhores e fizeram viagem para São Paulo, tudo o que tinha de fazer, a gente fez. Sou muito grata à Comunidade Católica São João Batista que fez a galinhada para me ajudar”.
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