Guerra entre facções criminosas tem sido apontada como a principal causa de atentados e, mais recentemente, a execução por engano do comerciante Tiago Valdecir Sandrin, de 37 anos.
A vítima era proprietário da Lanchonete e Pizzaria Sandrin e foi morta enquanto atendia no estabelecimento, na noite de sábado (20), em Sonora, distante 362 quilômetros de Campo Grande. O alvo seria um funcionário do comerciante.
Conforme o delegado Murilo Jorge Vaz Silva, a cidade está passando por dias difíceis desde o começo do ano com a disputa entre as facções criminosas PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho) pelo domínio do tráfico de drogas. “As facções brigam por poder, principalmente, por poder econômico”, destacou a autoridade policial.
No dia 8 de janeiro, Ruan Henrique Lima, de 22 anos, apontado como membro do PCC, foi assassinado a tiros após discutir com dois homens, numa motocicleta, na frente de casa, na Rua das Jabuticabas. Depois disso, conforme o delegado, a dupla de homicidas, que aparentemente se instalou na cidade, busca ceifar a vida de todos os integrantes do PCC para que o CV possa se instalar e, assim, dominar o comércio de drogas.
As facções são inimigas e têm origem distintas: o PCC veio dos presídios de São Paulo e o CV das penitenciárias do Rio de Janeiro. Se espalharam pelo país, e por Mato Grosso do Sul, com a troca de presos entre as unidades prisionais e também com a atuação das quadrilhas nas regiões fronteiriças, em buscas de drogas, armamento e ainda por meio da lavagem de dinheiro.
Conforme o delegado, há muitos anos o Comando Vermelho tenta se instalar no município. “Eles tinham dificuldade de entrar, mas com a prisão de seis membros do PCC e a morte em confronto do líder da facção, restaram poucos na cidade. “Esse pouco que restou, o Comando Vermelho busca eliminá-los para se tornar definitivo”.
Na semana passada, foi registrada tentativa de homicídio e disparos em portões de pessoas que aparentemente integram o PCC. As armas utilizadas em todas as ações eram do mesmo calibre, pistola 9 mm. No sábado à noite, a dupla de homicidas fez mais uma vítima, dessa vez, o proprietário da pizzaria, morto por engano. O alvo era um funcionário dele.
Indagado, o rapaz negou que seja faccionado, mas confessou que possui amizade com integrantes do PCC. “Nós acreditamos que os autores foram até o local sem as características físicas do alvo. Sabiam apenas que o rapaz era quem cuidava do caixa. Foi uma morte equivocada”, disse o delegado.
O funcionário foi ouvido, informalmente, no sábado à noite pela polícia e ao que tudo indica se escondeu, saiu da cidade por medo. Já Tiago, proprietário da pizzaria, não tinha desavenças com ninguém e era muito querido no município. O crime chocou a cidade, com pouco mais de 20 mil habitantes.
Conforme o delegado, a polícia vai intensificar as rondas e as investigações, que vão contar com equipes especializadas de Campo Grande. “Vamos somar forças, chegar na autoria e prender esses suspeitos. A gente acredita que tem mais pessoas envolvidas nesses crimes”, destacou.
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Viviane Oliveira/CGNews