Violência contra a mulher, todos devemos meter a colher!
Muitos estão chocados com o vídeo do DJ Ivis agredindo a mulher, agora ex-esposa. No entanto, a violência de gênero é uma constante no país, segundo o Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) 15% das brasileiras com 16 anos ou mais relataram que sofreram algum tipo de violência psicológica, física, ou sexual perpetrada por parentes ou companheiro / ex-companheiro íntimo durante a pandemia, isso equivale a 13,4 milhões de mulheres, ou seja, A CADA MINUTO DO ÚLTIMO ANO 25 MULHERES FORAM VIOLENTADAS NO BRASIL.
O número de denúncias à Central de Atendimento à Mulher (número 180) entre 2018 e 2019 teve um crescimento de 5,6%. Já entre março e abril de 2020 o aumento foi de 27%, no mesmo período os casos de feminicídio cresceram 22,2%. Em 2019 houve 3.730 homicídios de mulheres no Brasil, ou seja, morreram 10 mulheres vítimas de violência por dia no país, conforme o anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
As mulheres são maioria no país, segundo o IBGE elas representam 51,8% da população brasileira, na pandemia foram as que mais sofreram, a taxa de desocupação (de desemprego) delas no primeiro trimestre de 2020 foi de 16,8%, enquanto a dos homens foi de 12,8%; a média salarial dos homens foi de R$ 2.547, enquanto a das mulheres foi de R$ 1.995,00.
O Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil de 2017 informa que as mulheres estudam 8,4 anos em média, enquanto os homens, 8,01 anos; elas também são maioria, segundo o IBGE, entre quem tem ensino superior, 23,5% das mulheres com mais de 25 anos possuem o ensino superior, entre os homens esse número é de 20,7%.
No entanto, apesar de terem a maioria populacional e a maioria dentre aqueles que têm ensino superior completo, na política, a representatividade das mulheres é muito baixa. O Brasil ocupa o penúltimo lugar entre as nações da América Latina no quesito representatividade feminina na política, englobando cargos executivos, legislativos e em ministérios, segundo o estudo Mulheres na Política 2020, da ONU Mulheres.
De acordo com os dados do Tribunal Superior Eleitoral, na eleição de 2020 somente 15,7% de mulheres foram eleitas; dos 513 deputados federais, somente 77 são mulheres; dos 81 parlamentares que compõem o senado, apenas 12 são mulheres; das 26 capitais, somente uma tem prefeita (Palmas); e dos 23 ministérios que compõem o atual governo federal, somente dois são ocupados por mulheres.
Esses dados são importantes para termos a dimensão do descalabro que é a opressão às mulheres, há no Brasil uma cultura machista tão forte, que a minoria (homens) domina a maioria (mulheres). Homens querem definir o comportamento da mulher, dizendo como devem se portar; também querem definir suas vestimentas, e, até, suas amizades. Há uma cultura que coloca a mulher em posição de subalternidade, onde o ator principal é o homem, e a mulher é sempre a coadjuvante.
É essa cultura machista que é a raiz do problema da violência doméstica e do feminicídio, pois faz com que a vítima sempre tente justificar ou minimizar a violência.
Há até um ditado popular, que é produto desta cultura, que diz “em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”. Ocorre que a vítima dessa briga pode ser a sua filha, irmã, sobrinha, prima, afilhada, ou, até amiga, e a consequência da sua omissão pode ocasionar, no extremo, a morte, de alguém querido. Ademais, ainda pode existir uma criança indefesa assistindo toda essa violência.
Por isso, devemos sim meter a colher e salvar a mulher, não devemos ser tolerantes com a violência à mulher!