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De busca na rádio às redes sociais: 9 irmãos separados há mais de 40 anos se reencontram em MS

Após décadas sem contato, os filhos de Maria Bethy conseguiram se reunir e provar que o amor familiar resiste ao tempo, à distância e até à ausência da mãe, falecida em 2020.

28 JUL 2025 - 22h:00 Por Redação/VS
Irmãos reunidos em encontro. Foto: Eduardo de Almeida/TV Morena Irmãos reunidos em encontro. Foto: Eduardo de Almeida/TV Morena

Após mais de 40 anos separados, nove dos dez irmãos filhos de Maria Bethy de Souza se reuniram pela primeira vez em Campo Grande (MS), para compartilhar um café da manhã e um almoço marcados por emoção, reencontros e o desejo de nunca mais se afastar.

O reencontro foi organizado por Paulo Sérgio de Souza, primogênito de 53 anos, criado com Lana e Luiz Carlos pelo pai. Ele sabia que tinha outros irmãos espalhados por outras cidades.

Com esperança, Paulo fez um anúncio em uma rádio de Campo Grande, procurando os filhos de Maria Bethy. A iniciativa deu início a uma busca que transformaria a história da família.

"Eu sempre sonhei com esse momento, eu sempre falava pra minha esposa: 'Puxa vida, eu tenho 9 irmãos e nunca sentei na mesa pra tomar café com eles'", se emocionou.

Com a ajuda das redes sociais, Paulo encontrou Edineia, uma das irmãs que a família sabia existir, mas não via há 41 anos. A busca foi guiada por lembranças da mãe e uma foto antiga.

Paulo publicou uma imagem dela ainda criança e pediu que fosse compartilhada. A corrente chegou até ela.

"É a cara da nossa mãe. A voz, o rosto... igualzinha", disse ele.

Histórias marcadas por separações

Cada irmão Souza tem uma história única, marcada por separações e diferentes lares. As irmãs Edilene, Edimara, Edinéia e Edileuza foram criadas pelo pai e pelo avô em Aquidauana, após ele cogitar doá-las ainda jovem.

"“Ele falou que ia anunciar na rádio, dar uma por uma. Aí nosso avô disse: ‘Não vai dar ninguém. Leva pra casa que eu crio’”, relembra Edilene, de 49 anos.

Gilmar e Vilmar foram criados em Corumbá por outra família. Gilmar, hoje com 37 anos, se emocionou ao conhecer os irmãos: “Infelizmente, não conheci minha mãe pessoalmente. Mas um pedacinho dela vive em cada um dos meus irmãos. Hoje, meu coração se completa.”

Edimara, de 48 anos, mal conseguia expressar o que sentia: “A gente sofria desde pequena. Agora é hora de ser feliz.”

Apenas um dos irmãos não pôde estar presente no encontro. "Com a graça de Deus, tudo aconteceu no tempo certo. Mesmo o Luiz Carlos, que está preso, esteve com a gente em pensamento."

Vínculo de sangue e pertencimento

O vínculo biológico e o desejo de pertencimento deram força à história dos dez irmãos, todos filhos de Maria Bethy. “Somos irmãos mesmo. Da mesma barriga”, resume Gilmar, sorrindo como quem finalmente encontrou seu lugar.

“Hoje, mesmo com 37 anos, eu posso dizer: ‘Se o senhor quiser me levar, eu já tô preparado, já conheci minha família mesmo’”, se emocionou.

A mãe, Maria Bethy, faleceu em 2020. Paulo a reencontrou em 2017, após anos sem contato. Ela vivia em situação de rua na Bolívia. Esse foi o último capítulo antes da reunião familiar.

Edilene relatou o impacto ao ver Edileia pela primeira vez, uma das irmãs que ninguém conhecia pessoalmente.

“Ela chegou, e eu me arrepiei toda. Era como se minha mãe tivesse voltado só pra me abraçar”.

A família Souza cresceu com o reencontro: são 10 irmãos, 35 filhos ou sobrinhos e 16 netos. Até crianças como Erick Gabriel, de 7 anos, neto de Edilene, se emocionaram. “Meus tios novos estão aqui. É um momento especial da minha vida. Eu estou muito feliz e emocionado”, disse o menino.

O reencontro, que começou com um café da manhã modesto entre irmãos, terminou com planos para uma grande festa familiar.

“Esse primeiro foi só para os irmãos. Mas no segundo, vamos incluir todos: filhos, netos, famílias que criaram a gente. Vamos celebrar essa união do jeito que ela merece”, afirmou Paulo.

Paulo já planeja o próximo encontro, e desta vez, ninguém quer mais perder contato.

g1 MS e TV Morena

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