A culpa já foi das estrelas
A culpa não é da política nem dos agentes que nela operam
Muito tem se propagado na imprensa o que convencionou chamar "polarização". Na política brasileira, Lula e Bolsonaro seriam os representantes desses pólos e nos entremeios e interstícios estão os que travam verdadeiras batalhas e digladiações retórico-discursivas para defender os dois políticos que a essa altura já se converteram em ídolos e baluartes de verdadeira adoração.
Ocorre que esse é apenas o lado mais visível da polarização. Mas, o brasileiro, em especial, é um ser polarizado, por natureza. Gostam da discórdia e a alimentam mesmo quando o contexto é de descontração e entretenimento.
Não é de hoje que tenho notado que, ao abrir minha page no Facebook, já tem gente alimentando, incitando, impulsionando um desentendimento por conta de sua torcida em reality shows como o Big Brother Brasil, da TV Globo ou A fazenda, da Record TV. Do nada você é lançado a esse contexto, seja como participante, seja como espectador involuntário.
Talvez esses realities sejam uma fração minúscula da projeção dos nossos instintos de competição. Como felinos territorialistas que demarcam seu espaço urinando no ambiente, as pessoas vão demarcando seu espaço nas redes sociais com publicações que convidam e provocam para a briga.
Afinal, desde a tenra infância somos vocacionados para a violência, pois já somos ensinados ali a "lutar" por aquilo que queremos. Nesse sentido, os realities televisivos, contribuem para esse exercício sem danos colaterais de maior gravidade. Mas, mesmo com todo esse treinamento nunca saímos bem preparados para as batalhas e disputas desse reality chamado vida.