... e o Palmeiras não tem mundial
No domingo (13/02), por conta do torneio esportivo Mundial de Clubes, a frase que dá título a esse texto voltou a ser repetida exaustivamente. Inclusive, eu mesmo postei algo relacionado à falta desse título que a equipe paulista alviverde não possui.
Logicamente, trata-se de uma brincadeira por parte de torcedores de equipes adversárias. Porém, algumas análises são possíveis a partir disso, pois para Sigmund Freud, "brincadeiras não existem".
Certa pesquisa realizada nos Estados Unidos entre funcionários de grandes corporações revelou que "não importa o quanto eu ganho, desde que eu ganhe mais que meus colegas".
Equiparativamente, é semelhante a esse dado revelado na pesquisa americana: não importa qual equipe estrangeira ganhe o torneio, importa que a equipe brasileira adversária a minha, não ganhe. Jamais poderia permitir que uma equipe adversária ocupe o mesmo lugar que minha equipe ocupa.
Se minha equipe ainda não detém esse título, é imperdoável o fato dela ocupar primeiro esse espaço tão desejado por mim. Mas, de modo algum eu posso expressar essa minha inveja (um pecado envergonhado), então eu devo torcer contra ela, mesmo que tal equipe seja minha compatriota. Nada mais importa, importa que ela não ganhe nada além do que eu ganho.
Outra análise foge do âmbito da subjetividade dos torcedores e recai sobre uma preocupação social. A analgesia que a torcida por equipes esportivas nos traz encobre parte da nossa preocupação com a realidade social brasileira.
Não vemos por aí a frase "Brasil não tem saneamento" com a mesma frequência que "Palmeiras não tem mundial". Enquanto sociedade não temos um monte de coisas: educação de qualidade, saúde digna, segurança alimentar... no entanto, não se nota um engajamento social tal qual o é a "torcida contra" o Palmeiras.
Das duas, uma: ou já nos cansamos de tanto lutar e não dar em nada ou já assumimos nossa falta de disposição para lutar. Na última hipótese, a da nossa falta de ação, é perfeitamente compreensível que nós, como pessoas invejosas que somos, celebremos efusivamente a falta do título mundial do Palmeiras do que nos engajarmos numa causa que realmente valha à pena.