COLUNA

Valdir Silva

Está chegando a hora

26 OUT 2018 - 14h:08 Por Valdir Silva

Às vésperas das eleições presidenciais no Brasil em segundo turno, as análises dos mais diferentes institutos que acompanham as intenções de votos vão dando conta do perfil do eleitorado brasileiro: o nível de escolaridade, a condição socioeconômica, as filiações religiosas, etc.

Em uma dessas pesquisas (confesso, não me lembro qual delas) buscava-se entender a imagem que os candidatos internalizavam no imaginário das pessoas. Em resumo, os dois candidatos se diferenciam pela adequabilidade de seus discursos.

Um tem um discurso higienizado nas questões polêmicas, assume um tom diplomático nas palavras; outro tem posicionamento que destoa do politicamente correto e assume seus posicionamentos publicamente, sem medir palavras, mesmo que estas assustem a ouvidos sensíveis.

Essas duas posturas tem efeitos psicológicos, às vezes, determinantes na hora do voto. O que fala o que realmente pensa, sem filtros de linguagem cria a imagem de sinceridade que é um caractere socialmente positivo e de inequívoca aceitação.

O que assume a postura diplomática esbarra na ideia de que a diplomacia existe como meio de ocultar nossa real intenção ou de não gerar conflito.

Não é difícil exemplificar isso: basta colocar uma roupa de gosto duvidável e perguntar às pessoas o que acham. A maioria responderá que ficou bom para não desagradá-lo, outros poucos dirão que não ficou legal. Depois se questione quem foi o mais sincero e concluirá o que te disse o que realmente pensava.

Essa sensação de sinceridade também pode ser notada na escolha do candidato. Uns até dizem "eu posso até não concordar, mas pelo menos ele disse a verdade". E a verdade dele passa a ser a verdade de muita gente que vai incorporando não exatamente a seu discurso, mas a pretensa sinceridade e autenticidade que há nele.

Desse modo, as pessoas vão tornando o processo eleitoral menos racional e mais passional. Não é a toa que vemos pessoas se ofendendo em razão de suas escolhas.

E mais uma vez retornamos ao nosso estágio menos evoluído de civilização. A exemplo do que as charges e cartoons ilustravam homens da caverna arrastando mulheres pelos cabelos falta bem pouco para apoiadores e agentes políticos arrastem eleitores da mesma forma para votar no seu candidato.

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