COLUNA

Valdir Silva

Nudez ou nu dez? Eis, aqui estão

5 OUT 2017 - 13h:38 Por Valdir Silva

É polêmica a questão da nudez na cultura ocidental. Na maioria das vezes (senão todas) ela está vinculada ao sexo.

O assunto voltou ao centro do debate quando foi amplamente noticiada a imagem de um homem nu e junto dele uma criança com a mesma naturalidade se ele trajasse uma vestimenta.

Foi o que bastou para que se polarizasse as opiniões nas redes sociais. Em tempos de polarização o debate pareceu uma disputa entre moralistas versus imorais.

Vale lembrar que toda essa polêmica fez ressurgir um velho questionamento: o que é arte? Quais são os seus limites? Sendo estas questões de respostas que evidenciam regiões de atrito, muitas delas se ancoraram no discurso da moral religiosa.

Na exegese bíblica, Deus criou o homem nu e somente após ele cometer o "pecado" é que ele tomou consciência de sua nudez e dela se "avergonhou".

Antes disso, a nudez era natural e foi a consciência da malícia que fez dela algo para se ter vergonha. O mesmo parece ocorrer atualmente: a maldade, a malícia está na consciência do homem que não percebe seu corpo naturalmente, mas como objeto, dispositivo, instrumento com finalidade única e absoluta: o sexo.

Não obstante, é mister lembrar que há tribos indígenas em que crianças e adultos convivem harmoniosamente e nus sem que isso seja um agravo a pretensa inocência da criança. Ali, o corpo não é mero instrumento do prazer do sexo, mas de manifestação da arte e de expressão religiosa.

Por fim, cada sujeito dá dimensão distinta à nudez, segundo a cultura que recebeu e tem por direito dar direção que deseja à temática. Se não deseja tomar parte de um espetáculo de arte que expõe nudez, basta não ir.

Em tempos de hipocrisia elevada ás mais altas potências a nudez sirva para desnudar preconceitos e sacudir nossos conceitos reduzidos, de raízes apodrecidas nas areias do tempo.

Por: Valdir Silva

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