Em Macapá, flanelinhas vêm aderindo ao uso da máquina de cartão de crédito e débito para receber as gorjetas de motoristas para guardar carros em vagas de estacionamento. Wagner Romany, de 37 anos, é um deles. O autônomo que trabalha há 28 anos na Avenida Presidente Vargas, no Central da capital, conta que a ideia de utilizar a máquina surgiu após a cobrança de clientes.
"Sempre os 'patrões' vinham e diziam 'só no cartão amigo, só no cartão'. Foi aí que eles me deram a ideia de colocar a maquineta de cartão há dois meses. A ideia colou e graças a Deus tá dando certo, venho tendo um aumento na minha renda", comemora.
O dinheiro que arrecada com a atividade é usado para ajudar a esposa e os quatro filhos do casal, que moram no bairro Perpétuo Socorro, na Zona Leste. "Louro", como é conhecido no local, diz que conseguiu no final do mês de dezembro cerca de R$ 1,5 mil nos pagamentos em cartão.
A alta quantia ajudou com que a família tivesse uma ceia de Natal "mais farta".
"No Natal consegui R$ 1,5 mil só no cartão. Foi com esse dinheiro que fizemos a ceia lá de casa. Fico muito feliz, mas continuo na luta para seguir melhorando a vida", contou.
No período em que vem utilizando a máquina, Romany observa que os clientes preferem ajudar no cartão. Também conta que muitos ficam surpresos com a novidade. Ele ressalta que o pagamento é opcional e não faz qualquer obrigação para a gorjeta.
"Tem gente que se assusta, pensa que é brincadeira, mas quando eu puxo a máquina e eles veem que é sério, caem numa gargalhada boa. Mas aí, a galera tem ajudado. Graças a Deus", lembrou, com alegria.
Outro exemplo de uso do equipamento entre flanelinhas é do jovem Adenilson Brito, de 23 anos. Ele trabalha no estacionamento ao lado de um shopping, também no Centro. A cobrança dos clientes também foi o motivo para o uso da máquina.
Brito é visto de longe com a placa pendurada no pescoço que indica que ali o motorista pode ajudar com o valor que quiser usando cartão. A novidade já causou situações inusitadas com o jovem.
"Tem muita gente que quando vê que aceito cartão não acredita. Depois que puxo a máquina eles vêm bater foto, fazer vídeo. É uma coisa nova, muita gente me fala que nunca tinha visto isso em nenhum lugar e vieram ver só aqui em Macapá", relatou Brito.
Ele conta que divide o uso do equipamento com outros flanelinhas do local, quando precisam. A nova forma de pagamento vem fazendo sucesso entre os clientes. Brito diz que consegue juntar de R$ 300 a R$ 400 por dia nas gorjetas de cartão de crédito e débito.
"Os pagamentos que mais saem são na máquina. Os clientes dão de R$ 2 a R$ 3, com isso consigo R$ 300 a R$ 400 por dia, além do que a gente ganha em dinheiro mesmo. Era um pedido antigo dos clientes, que sempre cobravam para ter como pagar em cartão e agora tô podendo ter um aumento na minha renda", lembrou Brito.
Por Victor Vidigal, G1 AP — Macapá